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sábado, 10 de janeiro de 2009

vanikenski





Vani Kenski

Obra:
KENSKI, Vani M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas. Ed. Papirus. 3ª. ed. 2004.

Endereço profissional:
SITE EDUCACIONAL LTDA.
Calçada das Tulipas, 78 - 2o. andar
Centro comercial - Alphaville
06453-020 - Barueri, SP - Brasil
Telefone: (011) 41958650 Fax: (011) 41958650
URL da Homepage: www.siteeducacional.com.br
E-mail: site@siteeducacional.com.br

Site Educacional livros da autora Vai Kenski : http://www.siteeducacional.com.br/br/artigossite.php?id=12

A educação escolar não deverá servir apenas para a preparação das pessoas para o exercício das funções sociais e a sua adaptação às oportunidades sociais existentes, ligadas à empregabilidade, cada vez mais fugaz. Não estará voltada também para a exclusiva aprendizagem instrumental de normas e competências ligadas ao domínio e fluência no emprego de equipamentos e serviços, como simples usuários. A escola deve antes se pautar pela intensificação das oportunidades de aprendizagem e autonomia dos alunos em relação a busca de conhecimentos, da definição de seus caminhos, da liberdade para que possam criar oportunidades e serem os sujeitos da sua existência.(Kenski, 2003)

KENSKI, Vani M. Tecnologias digitais e a universalização da Educação. SITE Educacional. 2003. (Desenvolvimento de material didático ou instrucional - site). Referências adicionais: Brasil/Português; Meio de divulgação: Digital; Homepage: www.siteeducacional.com.br; Finalidade: site da SITE Educacional. Desenvolvimento do site da empresa com informações e interações com a equipe e a divulgação dos projetos e serviços oferecidos. Capturado do Site: http://www.siteeducacional.com.br/br/artigossite.php?id=12 (ás 10:30 do dia 08/01/09)

Curriculum Vitae:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4787990P0&tipo=completo&idiomaExibicao=1

Licenciatura em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1976) e graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1971). Mestrado em Educação pela Universidade de Brasília (1981) e Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1990). Atualmente profa. no programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo. Professora aposentada da Universidade Estadual de Campinas; Coordenadora do curso de pós-graduação (lato sensu) em "Design Instrucional para Educação online" da UFJF; Consultora do SEBRAE Nacional; Diretora da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) e Diretora da SITE EDUCACIONAL. Publicações e experiência em pesquisas e ensino em Educação a Distância, Educação e Novas Tecnologias de Educação e Comunicação, Metodologia de Pesquisa, Metodologia de Ensino e Formação de Professores.

Mestre e Doutora em Educação. Pesquisadora N1 do CNPq. Consultora do SEBRAENA. Ex-Professora da UnB e da Unicamp. Diretora da “SITE Educacional Ltda",empresa situada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas - CIETEC/IPEN/USP. Orientadora no Programa de Pós-Graduação em Educação da FEUSP. Autora de "Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância" (Editora Papirus) e várias outras publicações sobre soluções pedagógicas para educação, sobretudo educação online.
Ainda em 2003, Vani Moreira Kenski pesquisadora CNPQ e professora do programa de pós-graduação da FE-USP com o objetivo de analisar as alterações na atuação decorrentes do uso intenso das novas tecnologias digitais de comunicação e informação, publicou uma coletânea de artigos intitulada Tecnologias e ensino presencial e a distância (2003).

TECNOLOGIAS E ENSINO PRESENCIAL E A DISTÂNCIA. -VANI MOREIRA KENSKI. Editora: PAPIRUS. Número de Páginas: 160. Edição: 4a.
Sinopse no site: Obra que analisa as alterações na atuação docente decorrentes do uso mais intenso das novas tecnologias digitais de comunicação e informação. É composta de uma coletânea de textos da própria autora, todos resultantes de palestras proferidas nos principais congressos educacionais realizados no Brasil, nos últimos anos. Os profissionais da educação têm vivido grandes transformações nas práticas de ensino e de pesquisa. Seja no ensino presencial, realizado com a presença física dos alunos em salas de aulas concretas, ou no ensino a distância, mediado pelas possibilidades tecnológicas mais avançadas, os envolvidos são instados a buscar novas maneiras de agir. Professores e alunos vivem diariamente o desafio das mudanças nas regras de convivência e nas formas de acesso às informações. Participamos todos de um aprendizado no sentido de romper as práticas rotineiras e os limites físicos da sala de aula e ir além, na busca de uma educação de mais qualidade.

Para a autora o ensino:
O ensino via redes pode ser uma ação dinâmica e motivadora. Mesclam-se nas redes informáticas – na própria situação e produção e aquisição de conhecimentos – autores e leitores, professores e alunos (Kenski, 2003, p. 74).
A Educação a distância é a modalidade educacional que mais tem crescido no Brasil. Dados do Anuário 2007 da ABRAED mostram que, entre os anos de 2005 e 2006, o número de alunos matriculados em cursos a distância em instituições educacionais autorizadas cresceu 54%. Em 2005, haviam 504.204 alunos matriculados e em 2006 esse número cresceu para 778.458 alunos.
O apoio do Ministério da Educação e a legislação brasileira, a partir da Lei 9394/96, tem gradativamente apresentado a EAD como forma viável de se alcançar o ideal democrático de educação para todos, em todos os tempos e em todos os lugares. Apoiada em suportes tecnológicos variados, a educação a distância é sobretudo uma forma diferenciada de ensinar e de aprender.
O Decreto 5.622/2005, que regulamenta a educação a distância no Brasil, caracteriza-a como modalidade educacional na qual a mediação didático–pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Em seu parágrafo primeiro, o mesmo decreto determina que a “educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares...”.(Texto: EAD E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES - PARTE 1).

Este texto: GESTÃO E USO DAS MÍDIAS EM PROJETOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA; apresenta reflexões sobre o uso de diferentes tipos de mídias em projetos educacionais, sobretudo em educação a distância. Parte do pressuposto de que a natureza de cada suporte mediático requer planejamento diferenciado do processo pedagógico que vai ser realizado por seu intermédio. Ou seja, considera que, assim como cada modalidade de ensino requer o tratamento diferenciado do mesmo conteúdo _ de acordo com os alunos, os objetivos a serem alcançados, o espaço e tempos disponíveis para a sua realização etc. _ cada um dos suportes midiáticos tem cuidados e formas de tratamento específicas que, ao serem utilizadas, alteram a maneira como se dá e como se faz a educação. Encaminha a reflexão para a necessidade de elaboração de “plano de mídias” que oriente a definição dos projetos em EAD e a gestão do uso das mídias na instituição educacional. Apresenta alguns critérios para a organização deste plano.

Produzir um real ambiente didático-pedagógico em que os alunos se sintam envolvidos, respeitados, aceitos que os façam ter interesse de interagir e avançar no conhecimento. Neste sentido, o mesmo Decreto 5.622/2005 (parágrafo 8 do artigo 12) – determina que para uma instituição ser credenciada para o oferecimento de cursos em EAD, precisa “apresentar corpo docente com as qualificações exigidas na legislação em vigor, e preferencialmente, com formação para o trabalho com educação a distância”.
Chega-se assim ponto principal dessa minha reflexão: a necessidade de formação adequada de professores para esses novos trabalhos em educação. Vou dar continuidade a este tema nos próximos textos, refletindo sobre a formação dos professores em duas perspectivas diferentes: a formação docente feita a distância e a formação para que assumam a docência, a distância. Analiso aspectos legais e algumas práticas e procedimentos já realizadas por instituições nacionais e internacionais nesses sentidos. (Texto: EAD E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES - PARTE 1).

A educação escolar não deverá servir apenas para a preparação das pessoas para o exercício das funções sociais e a sua adaptação às oportunidades sociais existentes, ligadas à empregabilidade, cada vez mais fugaz. Não estará voltada também para a exclusiva aprendizagem instrumental de normas e competências ligadas ao domínio e fluência no emprego de equipamentos e serviços, como simples usuários. A escola deve antes se pautar pela intensificação das oportunidades de aprendizagem e autonomia dos alunos em relação a busca de conhecimentos, da definição de seus caminhos, da liberdade para que possam criar oportunidades e serem os sujeitos da sua existência.(Kenski, 2003) Capturado do site.

TECNOLOGIAS DIGITAIS E A UNIVERSALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO
Profa. Dra. Vani M. Kenski
USP/ SITE Educacional
http://www.siteeducacional.com.br/br/artigossite.php?id=12
Em um mundo em constante mudança, a educação escolar tem de ser mais do que uma mera assimilação certificada de saberes, muito mais do que preparar o consumidor ou treinar pessoas para a utilização das tecnologias de informação e comunicação. A escola precisa assumir o papel de formar cidadãos para a complexidade do mundo e dos desafios que ele propõe. Preparar os cidadãos para lidarem criticamente com o excesso de informações e com a mudança. As transformações sucessivas dos conhecimentos em todas as áreas; o surgimento de novos perfis profissionais; o tempo curto de existência de novas e promissoras profissões; e a fragilidade em que se encontram conquistas sociais tradicionais - como o trabalho assalariado - requer a formação de novas habilidades para saber conviver em permanente processo de transformação.
O desenvolvimento científico e tecnológico, sobretudo da indústria eletroeletrônica, tem sido associado ao processo de globalização da economia. Estar fora dessa nova realidade social - chamada de Sociedade da Informação – é estar alijado das decisões e do movimento global da economia, finanças, políticas, etc... das informações e interações com todo o mundo. A sociedade excluída do atual estágio de desenvolvimento está ameaçada de viver em estado permanente de dominação, subserviência e barbárie.
Há mais de uma década, diversos países têm procurado elaborar políticas públicas que orientem a inserção da nação nessa nova sociedade. No Brasil, esse programa foi lançado em 1999 (www.socinfo.gov.br) , tendo sido elaborado um documento com a participação de profissionais de várias áreas do conhecimento e vários setores – público, provado e terceiro setor – e instituições: o Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil, ou simplesmente, o Livro Verde (Pretto, 2002). Nele são apresentadas as bases para a discussão de um novo projeto de sociedade em todas as áreas: educação, mercado de trabalho, serviços, identidade cultural, governo, etc...
Em relação à função de educar para a Sociedade da Informação, de acordo com o "Livro Verde", "trata-se de investir na criação de competências suficientemente amplas que permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas. Trata-se também de formar os indivíduos para "aprender a aprender" de modo a serem capazes de lidar positivamente com a contínua e acelerada transformação da base tecnológica".
Pensar a educação na sociedade da informação, conforme apresenta o Livro Verde, "exige considerar um leque de aspectos relativos às tecnologias de informação e comunicação. A começar pelos papéis que elas desempenham na construção de uma sociedade que tenha a inclusão e a justiça social como uma das prioridades principais".
A Sociedade da Informação está preocupada com o uso amplo de tecnologias digitais interativas em educação. No Brasil, a preocupação é a de que o uso intensivo dessas tecnologias possibilitem a democratização dos processos sociais, a transparência de políticas e de ações do governo, a mobilização dos cidadãos e sua participação ativa nas instâncias cabíveis. Para garantir o alcance desses objetivos, as proposições do Livro Verde sobre a relação entre educação e as tecnologias de comunicação e informação é de que estas "devem ser utilizadas para integrar a escola e a comunidade, de tal sorte que a educação mobilize a sociedade e a clivagem entre o formal e o informal seja vencida".
O uso das tecnologias em educação, na perspectiva orientada pelos propósitos da Sociedade da Informação no Brasil, exige a adoção de novas abordagens pedagógicas, novos caminhos que acabem com o isolamento da escola e a coloquem em permanente situação de diálogo e cooperação com as demais instâncias existentes na sociedade, a começar com os seus próprios alunos.
A escola não vai perder sua posição de instituição social e educacional, mas vai ampliar a sua missão para que possa "responder a uma pluralidade de mandatos sociais (de instrução, de socialização, de profissionalização, de participação cívica, de formação ética, de desenvolvimento estético,...), subordinando-os não apenas ao referente econômico (formar recursos humanos, fatores de produção), mas ao desenvolvimento das pessoas, qualquer que seja a sua idade, qualquer que seja o momento em que procuram o ensino e a formação” (Azevedo).
A educação escolar não deverá servir apenas para a preparação das pessoas para o exercício das funções sociais e a sua adaptação às oportunidades sociais existentes, ligadas à empregabilidade, cada vez mais fugaz. Não estará voltada também para a exclusiva aprendizagem instrumental de normas e competências ligadas ao domínio e fluência no emprego de equipamentos e serviços, como simples usuários. A escola deve antes se pautar pela intensificação das oportunidades de aprendizagem e autonomia dos alunos em relação a busca de conhecimentos, da definição de seus caminhos, da liberdade para que possam criar oportunidades e serem os sujeitos da sua existência.
As tecnologias de informação e comunicação (TIC) e o ciberespaço, como um novo espaço pedagógico, oferecem grandes possibilidades e desafios para a atividade cognitiva, afetiva e social dos alunos e dos professores de todos os níveis de ensino, do jardim de infância à universidade. Mas para que isso se concretize é preciso olhá-los de uma nova perspectiva. Até aqui, os computadores e a internet têm sido vistos, sobretudo, como fontes de informação e como ferramentas de transformação dessa informação. Mais do que o caráter instrumental e restrito do uso das tecnologias para a realização de tarefas em sala de aula é chegada a hora de alargar os horizontes da escola e dos seus participantes, ou seja, de todos.
O que se propõe para a educação de cada cidadão dessa nova sociedade é não apenas formar o consumidor e usuário de tecnologias cada vez mais distintas, mas que todos tenham condições de também serem criadores, autônomos e críticos em suas aprendizagens e escolhas, podendo até mesmo serem produtores e desenvolvedores de tecnologias. Mais ainda, que possam não apenas aprender a usar e produzir, mas também interagir e participar socialmente. E, deste modo, integrar-se em novas comunidades e criar novos significados para a educação num espaço muito mais ampliado. Sair da sala de aula e alcançar o mundo.
Como diz o professor João Pedro da Ponte, "a sociedade e as tecnologias não seguem um rumo determinista. O rumo depende muito dos seres humanos e, sobretudo, da sua capacidade de discernimento coletivo. O problema com que nos defrontamos não é o simples domínio instrumental da técnica para continuarmos a fazer as mesmas coisas, com os mesmos propósitos e objetivos, apenas de uma forma um pouco diferente. Não é tornar a escola mais eficaz para alcançar os objetivos do passado. O problema é levar a escola a contribuir para uma nova forma de humanidade, onde a tecnologia está fortemente presente e faz parte do quotidiano, sem que isso signifique submissão à tecnologia". As tecnologias podem contribuir de modo decisivo para transformar a escola em um lugar da exploração de culturas, de realização de projetos, de investigação e debate.
Referências
AZEVEDO, J. “a educação básica e a formação profissional face aos novos desafios econômicos” in http://www.campus-oei.org/administracion/azevedop.htm (25/02/04).
KENSKI, Vani M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas. Ed. Papirus. 3ª. ed. 2006.
PONTE, João P. Tecnologias de informação e comunicação na formação de professores: Que desafios? In: http://www.campus-oei.org/revista/rie24a03.htm (25/02/04)
PRETTO, N. Desafios para Educação a distância na era da informação : o presencial, a distância, as mesmas políticas e o de sempre. In BARRETO, Raquel (org.). tecnologias educacionais e educação a distância : avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro, Ed. Quartet, 2002.
TAKAHASHI, T. (coord.) Livro Verde da sociedade da informação no Brasil. MCT/BRASIL. 2001. http://www.socinfo.org.br/livro_verde/download.htm (20/02/04)
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EAD E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES - PARTE 1
Por Vani Kenski
http://www.siteeducacional.com.br/br/artigossite.php?id=14

EAD E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES 1.
Vani Moreira Kenski
USP/SITE Educacional

A Educação a distância é a modalidade educacional que mais tem crescido no Brasil. Dados do Anuário 2007 da ABRAED mostram que, entre os anos de 2005 e 2006, o número de alunos matriculados em cursos a distância em instituições educacionais autorizadas cresceu 54%. Em 2005, haviam 504.204 alunos matriculados e em 2006 esse número cresceu para 778.458 alunos.
O apoio do Ministério da Educação e a legislação brasileira, a partir da Lei 9394/96, tem gradativamente apresentado a EAD como forma viável de se alcançar o ideal democrático de educação para todos, em todos os tempos e em todos os lugares. Apoiada em suportes tecnológicos variados, a educação a distância é sobretudo uma forma diferenciada de ensinar e de aprender.
O Decreto 5.622/2005, que regulamenta a educação a distância no Brasil, caracteriza-a como modalidade educacional na qual a mediação didático–pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Em seu parágrafo primeiro, o mesmo decreto determina que a “educação a distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares...”.
É importante ressaltar que existe grande diversidade na organização metodológica, na gestão e na avaliação de cursos a distância oferecidos, em diferentes mídias. Sob o mesmo rótulo de Educação a Distância (EAD) encontram-se diversos tipos de cursos com encaminhamentos radicalmente diferentes em seus planejamentos e desenvolvimentos. Cursos oferecidos via impressa são produzidos de forma bem distinta dos realizados em vídeo-conferências. Mais específicas ainda são as formas de produção, acompanhamento e avaliação das inúmeras modalidades dos cursos on-line: dos tutoriais aos colaborativos.
Muito mais complexa é a criação de cursos para os mundos virtuais tridimensionais, tipo Second Life, já utilizados em centenas de universidades estrangeiras, em que, incorporados em avatares, alunos e professores se movimentam, interagem, enfrentam desafios e aprendem.
Mesmo os cursos presenciais apoiados em TICs requerem novas habilidades dos docentes e dinâmicas diversificadas para as aulas. Para o planejamento, a organização, o desenvolvimento, a avaliação e a definição de todas essas ações são necessários professores muito bem formados. Não é no entanto o que mais vemos nas práticas cotidianas de EAD, sobretudo on-line. Nesses cursos, prevalece a relação entre o uso das mais avançadas práticas tecnológicas e as mais retrógradas ações pedagógicas. Algo como estarmos em espaços em que existe o máximo de possibilidades interativas e comunicativas a ser explorado e onde os alunos entram para assistirem monótonas aulas expositivas apresentadas por professores que muitas vezes sabem muito, mas não sabem comunicar, explorar o ambiente, levar os alunos a participar, envolvê-los na ação, na interação, na comunicação e na troca de informações.
Produzir um real ambiente didático-pedagógico em que os alunos se sintam envolvidos, respeitados, aceitos que os façam ter interesse de interagir e avançar no conhecimento. Neste sentido, o mesmo Decreto 5.622/2005 (parágrafo 8 do artigo 12) – determina que para uma instituição ser credenciada para o oferecimento de cursos em EAD, precisa “apresentar corpo docente com as qualificações exigidas na legislação em vigor, e preferencialmente, com formação para o trabalho com educação a distância”.
Chega-se assim ponto principal dessa minha reflexão: a necessidade de formação adequada de professores para esses novos trabalhos em educação. Vou dar continuidade a este tema nos próximos textos, refletindo sobre a formação dos professores em duas perspectivas diferentes: a formação docente feita a distância e a formação para que assumam a docência, a distância. Analiso aspectos legais e algumas práticas e procedimentos já realizadas por instituições nacionais e internacionais nesses sentidos.

Comunidades de aprendizagem, em direção a uma nova sociabilidade na educação
Por Vani Kenski
Texto de Vani Kenski publicado na revista Fírgoa da Universidad Santiago de Compostela.
Acesso : http://firgoa.usc.es/drupal/node/23559
http://firgoa.usc.es/drupal/node/23559
Enviado por admin2 o Sáb, 26/11/2005 - 22:26.

Vani Moreira Kenski: Comunidades de aprendizagem, em direção a uma nova sociabilidade na educação [*]
.... recuperar, nas relações educacionais, as pessoas, que somos todos nós...
1. Pessoas.....
A divisão social do trabalho organiza as pessoas em grupos distintos. Os que mandam e os que obedecem. Chefes e subordinados. Os que sabem e os que não sabem. Os que ensinam e os que aprendem. Professores e alunos. Mais do que papéis funcionais, estas divisões impregnaram o universo de nossas relações sociais cotidianas e tornaram-se estruturais. Ser diretor, chefe, professor é ter algum poder. Éter um fazer e saber distinto que os diferenciam das demais pessoas.
Ser professor é ter um poder em relação ao conhecimento. É saber. Mais do que conhecer, é saber ensinar o que sabe. Desencadear a vontade de aprender e transformar outras pessoas: seus alunos. Ensinar é processo. Movimento em que se conduz alguém, por meio de distintas mutações, ao saber: saber fazer; saber pensar; saber ensinar.
Recuperando Michel Serres (1996).... até algum tempo atrás haviam espaços definidos para se ensinar e aprender: escolas, campus, bibliotecas....Aprendida as informações restritas e direcionadas previstas pelo mundo da escola, a expectativa era a de que o aluno mudasse de lado. Diplomado e formado o aluno assumia um outro status. Era a hora de mostrar profissionalmente sua competência em lidar com o conhecimento aprendido. Encontrar o seu novo papel no plano social e no mundo do trabalho. Novos valores e perspectivas para o seu olhar diante da sociedade.
Essas certezas diluem-se neste nosso frenético momento de vida em que as possibilidades tecnológicas de comunicação e informação atravessam o nosso cotidiano e o transformam permanentemente. O que é aprendido na escola, no campus...já não mais oferece ao aluno a confiança do saber atualizado.O conhecimento estruturado e construído em bases “sólidas” em duros anos de estudo precisa ser permanentemente re-construído.Não há espaços para certezas ou verdades definitivas.
“Tudo o que é sólido, desmancha no ar”
O movimento é acelerado. A atualização é permanente. Novas informações derrubam velhas certezas. Implodem teorias, leis. Transformam hábitos. Alteram práticas. Mudam as rotinas das pessoas. Informações que se deslocam velozmente por todo o mundo. Todos precisam estar em “estado constante de aprendizagem” sobre tudo. Sobretudo.
Mais do que nunca as pessoas precisam acessar e interagir com freqüência com diferenciados mídias para estarem minimamente informadas. Na atualidade, diz Virilio (1993),a janela é a tela.Tela da televisão e do computador.Na atualidade, a lousa também migra para a tela.Tela que se inicia na função de lousa e desloca as atividades de ensino para experiências e vivências virtuais em lugares, espaços, tempos e grupos sociais onde as coisas acontecem. Espaços de aprendizagens - não mais restrito ao perímetro em que ocorre a relação fechada entre professores e alunos na sala de aula, mas abertos a todas as possibilidades e interações. Tela como espaço possível para uma nova forma de se pensar e fazer educação a partir das informações disponíveis no ciberespaço. Informar-se, meio caminho para aprender. Recuperando novamente Serres (1996) ...hoje é o saber que viaja e transforma completamente a idéia de classe ou de campus.
A interação proporcionada pelas “telas” amplia as possibilidades de comunicação com outros espaços de saber. As informações fluem de todos os lados e podem ser acessadas e trabalhadas por todos: professores, alunos e os que, pelos mais diferenciados motivos, se encontram excluídos das escolas e dos campi: jovens, velhos, doentes, estrangeiros, moradores distantes, trabalhadores em tempo integral, curiosos, tímidos, donas de casa.... pessoas.
Diluem–se nestes novos espaços professores e alunos. Todos se tornam ávidos “consumidores da informação”. Informação que se oferece sob a forma de mercadoria e que estabelece um outro estágio de valores na versão capitalista da era em que vivemos.A informação como produto acessível a todos é um bem volátil, efêmero, que exige consumo freqüente do que é novo, permanentemente diferente e original, sob pena da desatualização.
Consumidoras cativas das informações veiculadas, dependentes e viciadas no consumo desenfreado das notícias, as pessoas rompem o vínculo tradicional com o conhecimento estruturado oferecido pelas escolas, institutos e universidades e se lançam iguais na coleta do que lhes oferecido no mercado globalizado dos media. Não mais professores e alunos, mas pessoas, em busca do saber, da permanente atualização,na atualização permanente da informação veiculada.
Isoladas no movimento em direção ao saber, essas pessoas sentem que saber só, não basta. Buscam o outro com quem dialogar, conversar, trocar idéias, refletir junto. O outro, próximo e visível, tem seu ritmo próprio, interesses diferentes.... sem tempo para a troca informal.O outro distante, acessível pelo telefone, também não se encontra disponível.Na alternativa tradicional existente nos espaços presenciais de aprendizagem – escolas e campi -prevalece o ensino ativo do professor sem a necessária correspondência com o desejo calado e passivo de aprendizagem dos alunos. Ensino orientado, estruturado e, muitas vezes, distante dos pensamentos, experiências e anseios dos aprendentes. “Totalmente isolado, o ser sente-se irrecuperavelmente perdido. Daí a busca por nova conectividade em identidade partilhada, reconstruída” (Castells, 1999,p. 40).
O ciberespaço abre novas possibilidades e configurações para as pessoas aprenderem. Dispostos, informais, com muita vontade para aprender o que lhes interessa, sem discriminações,sem deslocamentos físicos, reunidos virtualmente em “comunidades virtuais”estas pessoas inauguram uma nova era para a educação.Uma nova pedagogia,novas relações com os saberes, novos papéis para os participantes, cidadãos.Não mais professores e alunos - separados pelos limites do saber autenticado pelas instituições formais -mas seres desejosos de ir além da informação e,neste movimento comum, ir além da aprendizagem. Nos movimentos de trocas e desencadeamento de ações comuns, de consciência e valores sociais grupais recuperam, nas relações educacionais, as pessoas, que somos todos nós...
2. Pessoas conectadas...
... para aprender, com ou sem suportes tecnológicos de última geração. Conexão: momento em que muitos se encontram em torno de uma mesma idéia. Acompanham de seus lugares a mesma linha de raciocínio. A emoção das descobertas, o suspense do desvelamento das respostas, vencer junto o desafio da ignorância conjuntural, ultrapassar as barreiras do desconhecido ... chegar no limite da aventura ... transformar, alcançar,superar e superar-se, vencer ... aprender.
A conectividade se dá quando duas ou mais pessoas se aproximam mentalmente,interagem, conversam ou colaboram. Com o auxílio de telégrafos, rádios, telefones ou das redes digitais de comunicação estas pessoas podem estar em lugares diferentes, distantes. O avanço tecnológico e a ampliação de uso da World Wide Web (WWW)transformaram as possibilidades de conectividade entre as pessoas. Não mais grupos pequenos, restritos... mas um “coletivo” de pessoas unidas – ao mesmo tempo - pelos mesmos interesses, objetivos, idéias, ideais.
Kerckhove (1997,p. 175) diz que no reino das redes integradas,o crescimento das interações humanas – pessoais, sociais, institucionais -está concentrando e multiplicando a energia mental humana.Em conseqüência, diz também,o grau de colaboração entre as mentes pode crescer muito. Para ele, “a Internet nos permite acender a um entorno vivo, quase orgânico de milhões de inteligências humanas que estão trabalhando constantemente em muitas coisas que sempre tem uma relevância potencial para todos os demais”.
A conectividade, a qual se refere Kerckhove,constrói elos sensíveis entre a eletricidade ou energia que há no interior e no exterior dos nossos corpos com a tecnologia. Estabelece relações estreitas entre os domínios tecnológicos e biológicos com a finalidade de agregar pessoas e máquinas para um determinado fim, coletivo.
Kerckhove (1999) lembra que diariamente milhões de pessoas passam bastante tempo conectadas utilizando seu cérebro em sua máxima velocidade, sofrendo a agonia de esperar para poder baixar novas informações. Cada pessoa se conecta a muitas outras mediante sistemas digitais de funcionamento integrado, as redes.
O pensamento dessas pessoas conectadas adquire novas feições. A forma de raciocinar, a imaginação criadora perseguem caminhos diferentes dos que habitualmente o corpo realiza isoladamente, na interioridade de nossa mente/cérebro. Ainda é Kerckhove que diz que “o objeto da atenção de centenas ou milhares de pessoas em uma rede é uma construção unificada e flexível... na rede, alcançamos ao conteúdo da imaginação e da memória de muita gente. A tela de cada usuário transforma-se no espaço onde a imaginação e a memória próprias se encontram com a imaginação e a memória de muitas outras pessoas.” (1999, p. 181/2)
Projetos como o “Genoma” ou o idealizado para a próxima visita da nave Pathfinder a Marte... quando qualquer pessoa autorizada, em qualquer lugar da Terra, poderá enviar comandos reais para o jipe,ou seja,qualquer participante poderá ser um cientista planetário, mudam completamente a relação entre ensinar e aprender e a própria forma de se fazer “ciência” na atualidade.
Conectadas, as pessoas acessam múltiplos espaços virtuais. Podem estabelecer elos – redes integradas de saberes em permanente movimento –por onde circulam amplamente as informações.Criar comunidades.
3. As comunidades virtuais de aprendizagem
A primeira dificuldade em definir uma “comunidade virtual de aprendizagem” está exatamente em restringir sua ação, seu início e continuidade com o fim especifico de atender a todos os seus membros em seus anseios de aprender. Como diferenciar uma comunidade virtual de uma comunidade virtual de aprendizagem?A redefinição de uma comunidade virtual orientada especificamente para “aprendizagem”é difícil.Na verdade as múltiplas e incessantes trocas que ocorrem em qualquer tipo de comunidade virtual refletem-se em inúmeras e diferenciadas aprendizagens para os seus membros.Em termos operacionais podemos denominar assim para as comunidades que emergem de cursos ou disciplinas realizadas totalmente ou quase exclusivamente no ambiente da Internet, por exemplo.Nem todos os cursos ou disciplinas oferecidas no ambiente eletrônico dão origem a comunidades. A comunidade específica de “aprendizagem” vai além do tempo de uma disciplina ou curso, ainda que possam surgir de iniciativas nestes momentos de ensino-aprendizagem. Em muitos casos ela se solidifica após o encerramento destes. Não se constituem também apenas de períodos finitos, previamente estabelecidos pelas instituições ou pelos seus coordenadores e professores. As comunidades de aprendizagem ultrapassam as temporalidades regimentais estabelecidas pela cultura educacional e vão além. Seu tempo é o tempo em que seus membros se interessam em ali permanecerem em estado de troca, colaboração e aprendizagem.
A interação, a troca, o desejo dos membros “alunos e professores” de se manterem em contato, em estado permanente de “aprendizagem” .....define melhor este movimento que, em si, é bem mais potente do que a obrigatoriedade educativa imposta pelos sistemas clássicos de ensino.Este grupo de pessoas voluntariamente reunidas para trocarem conhecimentos e experiências e aprenderem juntas sobre temas específicos, com regras e valores comuns, pode ser o embrião em torno do qual as mudanças na educação ocorram.
Em termos mais precisos, Palloff e Pratt (1999, p. 31) diz que as especificidades das comunidades virtuais de aprendizagem derivam da necessidade de satisfazer as seguintes condições:
* Objetivos comuns a todos os seus membros;
* Centralização dos resultados a serem alcançados;
* Igualdade de direitos e de participação para todos os membros;
* Definição em comum de normas, valores e comportamentos na comunidade;
* Trabalho em equipe;
* Professores assumem o papel de orientadores e animadores da comunidade;
* Aprendizagem colaborativa;
* Criação ativa de conhecimentos e significados de acordo com o tema de interesse da comunidade;
* Interação permanente.
Segundo Lévy (1999, p. 126),a cultura das redes, ou cibercultura,se dá exatamente na articulação entre os “princípios de interconexão,as comunidades virtuais e a inteligência coletiva”. Os interesses comuns dessas pessoas, desterritorializadas mas permanentemente conectadas, criam novas formas de comunicação permanente e universal e transformam todo o espaço virtual em um infinito canal interativo de múltiplas aprendizagens.
4. Pessoas motivadas para aprender
A sensação de pertencimento a um grupo com interesses comuns, pessoas com as quais eu posso trocar idéias, conversar, ensinar e aprender sobre o que prioritariamente eu dedico a minha atenção, já é potencialmente motivador para desencadear um processo significativo de aprendizagem.
O processo motivacional, no entanto, não é algo externo que se impõe à pessoa. Também não é um produto, uma mercadoria que possa ser encomendada e trabalhada segundo parâmetros previamente estabelecidos. Motivação é processo. Processo que se transforma permanentemente de acordo com os diversos momentos em que vivemos. As nossas motivações falam de nossos anseios e desejos. É a energia interior que nos encaminha para a realização das nossas aspirações, mesmo quando não lhes damos conta no plano consciente.
As nossas motivações são únicas, não transferíveis, contínuas e sofrem permanentes transformações. Em diversas teorias, de maneira geral, elas são agrupadas de acordo com as necessidades humanas. Neste caso, elas seriam básicas - quando refletem as múltiplas necessidades de sobrevivência física e proteção; e culturais ou comportamentais – quando refletem as condições ligadas à sobrevivência psíquica e social.
A motivação para aprender se inclui nesta última categoria. O despertar do desejo de aprender e a sua continuidade, sem jamais chegar à totalidade do saber, é um jogo do qual todos os indivíduos participam individualmente durante toda a vida,mas cujos resultados e condicionamentos ocorrem no plano social.
O contexto social reflete na motivação individual para aprender mas não o define ou restringe.Ao contrário, o processo motivacional individual inclui necessidades, expectativas, valores, modelos mentais e as concepções pessoais sobre tudo,o significado que atribuímos ao trabalho .... e ao estado permanente de predisposição para aprender.
O estímulo para aprender nas comunidades virtuais é um desafio permanente. Na maioria das vezes, as pessoas desistem pelos mais variados motivos, quase sempre vinculados a reorientações de seus desejos (e motivações) para outros caminhos. Assim, a alega da falta de tempo para estudar, por exemplo, indica a redistribuição do tempo individual para suprir outras necessidades, consideradas prioritárias naquele momento.
Wilson Azevedo diz, em mensagem enviada para a comunidade colaborativa de aprendizagem a distância “EOL”,que “... mesmo com toda limitação de tempo, ainda separamos algum para escrever sobre EOL. Isto acontece porque na hora em que o recurso (tempo) e' escasso precisamos priorizar e gastá-lo naquilo que efetivamente tem relevância para nós naquele momento. O mundo passa por uma crise muito grande, mas continuamos todos e cada um de nos envolvidos com nossas responsabilidades e nossos sonhos...” (24/09/2001).
Comunidades que conseguem dar vitalidade aos vínculos estabelecidos entre os participantes para que se mantenham “em aprendizagem” - suprindo de alguma forma as necessidades individuais e coletivas das pessoas envolvidas – têm mais do que um foco ou temática aglutinadora. A comunidade virtual ativa desperta o desejo e a necessidade de colaboração entre seus membros na medida em que eles se sintam acolhidos e reconhecidos pelas suas contribuições e participações.
O comportamento individual na comunidade virtual é resultado de diferentes motivações psíquicas e sociais. Participando, colaborando,reconhecendo e sendo reconhecido pelos seus pares, a pessoa que atua intensamente da comunidade virtual sente o seu poder, desenvolve suas potencialidades comunicacionais,libera seus talentos.Mais ainda,socialmente integrada na equipe,a pessoa dimensiona sua participação de acordo com os valores e regras em jogo, realiza trocas e aprende muito mais do que o foco específico de seu interesse.Aprende a conviver em grupo, a colaborar e respeitar as pessoas, a falar e a ouvir (ainda que ambos ocorram em intercâmbios escritos), a superar conflitos, expor opiniões,trabalhar com pessoas que não conhece presencialmente,mas com as quais se identifica no plano dos interesses e idéias.
5. Em direção a uma nova sociabilidade na educação
As comunidades virtuais não se diferenciam das comunidades que conhecemos no mundo físico. As pessoas que circulam nas comunidades virtuais transferem para elas seus modos de vida, seus valores e sua cultura. Essas comunidades, no entanto, não são réplicas do mundo físico ou reproduções das esferas sociais tradicionais. A própria forma de agregação social, não imposta a não ser pelo interesse pessoal, já as diferenciam. As possibilidades de superação dos limites de espaço e tempo, as agregações de pessoas sem as costumeiras barreiras e limites que ocorrem na vida social, mostram as potencialidades existentes nestes grupos e que permitem realizar atividades que não são possíveis no mundo físico.
6. A dinâmica de uma comunidade virtual
Hagel y Armstrong(1997)considera que a dinâmica das comunidades virtuais está orientada de acordo com o princípio do benefício crescente de todos os seus membros.Um tema interessante agrega membros para uma comunidade e, por sua vez,estes membros geram novos conteúdos que ampliam e enriquecem todo o grupo.Esta acumulação de saberes sobre um tema específico ocorre em paralelo à maior interação e agregação entre eles.Na medida em que os participantes da comunidade se sentem confortáveis e identificados pelo ambiente construído nas interações com os demais membros, eles permanecem e atuam com mais freqüência. Desenvolvem sentimentos de fidelidade e lealdade ao grupo.
A acumulação de saberes e o sentimento de fidelidade são, segundo Silvio (2000),os dois pontos iniciais para o bom funcionamento das comunidades virtuais.A partir daí, diz o autor,“a participação crescente dos membros e a interação entre eles geram informações cada vez mais completas sobre os membros da comunidade: suas preferências, interesses e pontos de vista, ou seja, o perfil de seus pensamentos, sentimentos e ações. Estes perfis permitem aos gerentes da comunidade e a seus próprios membros focalizar suas atividades para os membros individuais ou para grupos ou subgrupos e criar mais valor para a comunidade” .
Segundo Hagel e Armstrong (in Silvio),a percepção do valor da comunidade atrai novos membros,usuários externos e administradores de outras comunidades, que propõem parcerias e estimula a realização de transações diversas entre seus membros.
A evolução das comunidades virtuais, segundo Hagel y Armstrong (in Silvio, 2000) ,como todo grupo social, passa por varias etapas desde a sua formação. A comunidade tem um ciclo de vida durante o qual ocorrem diversos movimentos, guiados pelas interações entre os membros e o interesse específico que gerou a comunidade. Alguns movimentos comuns em todas as comunidades virtuais estão ligados à sua própria administração e direção (eleições, definição de comitês),organização, comunicação (jornais, arquivos gerais, bibliotecas)e eventos presenciais ou não (chats, videoconferências, fóruns). .
A comunidade que se inicia é intensa de interações entre seus membros. Todos querem se apresentar e conhecer os demais participantes.Com o tempo, surgem subgrupos que se interessam por temas específicos dentro do contexto geral da temática geradora do grupo.Esta “profundidade fractal”, como diz Silvio,pode ter efeitos positivos de estreitamento de laços entre seus membros ou encaminhar para rupturas. Pode ser este o momento em que os subgrupos se deslocam para a criação de novas comunidades, mais orientadas aos seus interesses.
A palavra fractal, explica Sílvio, quer dizer que a comunidade pode segmentar-se em profundidade e amplitude, sem perder sua identidade original. De qualquer forma, as comunidades virtuais apresentam-se com muita movimentação e flexibilidade temática dentro dos focos específicos. Reunidos pelas idéias comuns, seus membros migram de interesses ou transitam, como “nômades telemáticos” entre as várias comunidades, grupos e sub-grupos orientados para os mesmos temas.
7. Desafíos
As comunidades virtuais de aprendizagem, o ensino colaborativo, a conexão “planetária”,a mudança dos papéis de professores e de alunos nas relações de ensino aprendizagem ainda são situações que escapam da realidade presente para a maioria dos indivíduos e das possibilidades tecnológicas e culturais existentes no ambiente educacional .
Nossos ambientes educacionais e todas as instituições que os regulam e os alimentam já não conseguem suprir as necessidades e anseios das pessoas e da realidade contemporânea.“Instituições viciadas em valores obsoletos e práticas ultrapassadas” (Laszlo,p. 61) , insistem em construir novas práticas,utilizar novas tecnologias,capacitar professores para continuarem a agir diferente mas obedecendo a currículos e programas iguais, sem alterações nas formas como se faz e se dá a educação neste início de século.
Transformações radicais na organização educacional e nas formas como se ensina e como se relaciona com o conhecimento são necessárias urgentemente para que se possa acompanhar o ritmo em que a sociedade ampla se encontra na atualidade. É preciso a relativização e reorientação dos poderes das organizações e dos dirigentes educacionais.Proliferação de novas formas de organização do ensino orientadas para uma relação crítica permanente, contínua e frutífera com o conhecimento e com a aprendizagem pessoal e coletiva, pode ser um dos muitos caminhos iniciais para a reestruturação necessária dos processos educacionais.
O maior desafio é que nestes novos espaços educacionais não se recriem as práticas de exclusão e discriminação costumeiramente feitos pelas instituições tradicionais de ensino. Ao contrário, nestes novos espaços de aprendizagem deve ser prioritária a formação de cidadãos para atuarem democraticamente em todos os espaços: virtuais ou não.
Orientadas pelos princípios de participação ativa , respeito aos demais participantes, não discriminação e abertura para a inclusão geral e a educação permanente,as comunidades virtuais podem realizar os ideais da democracia participativa, antecipados por Matsuda.
Cidadãos participantes de várias comunidades permanentes de aprendizagem abrem-se para a interação e a colaboração global no mundo. Preocupados com a diminuição total da info-exclusão e a inserção de todas as pessoas – de diferentes idades, segmentos sociais, regiões e culturas –conectadas e participantes como cidadãos planetários.
A grande questão, colocada por Milton Santos (in Lucena,2000, p. 27) é a criação de uma nova prática comunicativa ... e educativa. Prática que não se baseia na continuidade do tempo, que é independente de distâncias e que não se referencia no espaço físico e que, ao “aboli-lo” subverte toda a prática educativa pré-existente.
As comunidades virtuais de aprendizagem – flexíveis, abertas, dinâmicas e atuantes - são focos subversivos de agregação social em que podem ocorrer processos de aprendizagem individual e grupal de qualidade. Em suas práticas é possível que se definam novas regras de atuação democrática e igualitária.Novas formas de participação, de relacionamento e interação entre as pessoas que ensinam e aprendem.
8. Bibliografía e Webgrafía:
CASTELLLS, M.A sociedade em rede. São Paulo, Paz e Terra, 1999.
_______________O fim do milênio. São Paulo, Paz e Terra, 2000.
_______________ “La sociabilidad en Internet” in (http://www.uoc.es/web/esp/articles/castells/m_castells7.html) .
HAGEL, J e ARMSTRONG, A . Net.gain: expanding markets through virtual communities. Harvard Business School Press. Boston, USA 1997.
KERCKHOVE, Derrick. Connected Intelligence: the arrival of the web society. Toronto,Somerville House Books, 1999.
LASZLO, Ervin. Macrotransição. O desafio para o terceiro milênio. São Paulo, Axis /Mundi / Antakarana/ Willis Harman House, 2001.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Editora 34, São Paulo, 1999.
MATSUDA, Yoneji. “La sociedad informatizada como sociedad postindustrial” in ANTHROPOS,Barcelona, Ed. Anthropos, 1995.
PRADO, Gilbertto, “Desertedesejo”( http://www.itaucultural.org.br/desertesejo).
PALLOFF, R e PRATT, Keith. Building learning communities in Cyberspace. San Francisco, Jossey-Bass Publishers, 1999.
RHEINGOLD, H. Virtual Reality, Summit Books/Simon & Schuster, New York,1991.
SANTOS, Milton. “Apresentação” in LUCENA , C. e FUKS, H. A educação na era da Internet. Rio deJaneiro, Clube do Futuro Ed. 2000.
SERRES, Michel. Atlas. Champs, Flammarion, Paris, 1996.
SILVIO, José . “Las comunidades virtuales como conductoras del aprendizajepermanente”. (http://funredes.org/mistica/castellano/ciberoteca/participantes/docuparti/esp_doc_31.htm)l
VIRILIO, Paul. O espaço crítico. Rio de Janeiro, Ed. 34, 1993.
WELLMAN, B. e GULIA, M. “Virtual communities as communities: net surfers don't ride alone”, in SMITH, M. e KOLLOCK, P. Communities in Cyberspace. Londres,Routledge, 1999.
[*] É parte do artigo publicado na Revista de Educação e Informática "Acesso" SEED/SP - no. 15/ Dez. 2001.
Colaboración e redes sociais
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EDUCAÇÃO ON-LINE, UMA NOVA PEDAGOGIA?
Por Vani Kenski

Como garantir uma educação de qualidade e ao mesmo tempo apostar na inovação?
Há uma proporção ideal para o uso de tecnologia em atividades escolares?
Que potenciais podem ser desenvolvidos em atividades em ambientes virtuais após o horário escolar?
Trata-se de uma nova pedagogia que está em conformação?
Estas e outras questões serão debatidas por Vani Kenski, na sessão dedicada à reflexão sobre “Educação à distância”
http://www.cidade.usp.br/educar/?2005/recursosdigitais/encontro5

PERFIL DE TUTOR DE CURSOS PELA INTERNET DO SEBRAE
Por Vani Kenski
http://www.siteeducacional.com.br/br/artigossite.php?id=16
Este texto relata os diversos momentos da pesquisa feita com os tutores que atuam nos cursos via Internet do SEBRAE. Em um primeiro momento foi definido o perfil do tutor e foram definidas as suas competências, a partir de levantamentos teóricos e seguidas consultas aos profissionais que atuam na coordenação e tutoria do SEBRAE. O momento seguinte foi dedicado à análise do desempenho dos tutores em exercício, segundo suas próprias percepções e as dos Tutores-Máster. O terceiro momento da pesquisa foi dedicado ao encaminhamento de proposta para formação e atualização de tutores para atuação em cursos online, de acordo com os resultados e necessidades percebidas no momento anterior.

Um comentário:

E e J disse...

Nossa Dr Kenski...
Assisti uma banca de Defesa da Tese na UFG do Prof Alzino...
Pega leve...