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domingo, 9 de junho de 2013


FIBROMIALGIA




Tão importante como a maneira que cuida de um doente com fibromialgia, é a forma como comunica com essa pessoa. Embora não seja fatal, a fibromialgia é uma doença crônica, que altera por completo a vida de quem dela sofre, muitas vezes em silêncio. De difícil compreensão para quem assiste à fibromialgia de fora, saiba o que uma pessoa com esta doença precisa e não precisa de ouvir.

O Que Não Deve Dizer

1. “Estás cansado? Eu também, estou completamente exausto…”

Os níveis de dor e cansaço que afetam um doente com fibromialgia são extremamente elevados e dificilmente comparáveis à fadiga dita “normal” e que sentimos periodicamente no nosso dia-a-dia. Dizer isto a um doente com fibromialgia é desvalorizar aquilo que ele possa estar a sentir e a sofrer, mostrando ainda indiferença ou desconhecimento sobre os restantes sintomas que contribuem para o cansaço da pessoa com fibromialgia.

2. “Se calhar tens é uma depressão…”

Os sintomas da fibromialgia incluem ansiedade e depressão, sendo que as dificuldades e dores físicas sentidas pelo doente conferem-lhe um ar de cansaço e desânimo tal que a pessoa muitas vezes não quer sair da cama, falta ao trabalho e isola-se em casa. Dizer que a pessoa está provavelmente deprimida é, não só colocar o dedo na ferida, como menosprezar a própria doença – a fibromialgia existe, faz sofrer e não está apenas na cabeça da pessoa.

3. “Estás com ótimo aspeto, deves estar muito melhor!”

A fibromialgia é também caracterizada por “crises”, mais ou menos acentuadas, que podem durar várias semanas ou surgir num dia e não voltar durante muitos mais. Embora seja muito bom elogiar um doente com fibromialgia, a segunda parte da frase é desnecessária porque a pessoa pode simplesmente estar recuperada de uma crise, pode estar a ter um bom dia ou simplesmente estar a disfarçar – algo que os doentes com fibromialgia aprendem a fazer (dada a incompreensão da doença) e fazem regularmente.

4. “Se fizesses exercício físico, dormisses mais, fizesses dieta, saísses mais, voltasses ao trabalho… ias sentir-te muito melhor!”

Dar palpites sobre as melhores terapias para tratar a fibromialgia pode estar recheado de boas intenções, mas nem sempre essas são bem-vindas por quem sofre desta doença tão debilitante. Só a pessoa diagnosticada com fibromialgia é que sabe o que deve fazer e quando, como lidar com os momentos de crise, assim como as melhores atividades para o seu dia-a-dia, de forma a manter a doença o mais controlada possível. Mais uma vez, dizer algo como isto pode dar a ideia de que a fibromialgia é facilmente tratável e não uma doença crônica e esgotante.

5. “Mas tu antes não eras assim!”

Relembrar a pessoa daquilo que ela já foi pode trazer grande tristeza para um doente com fibromialgia, uma vez que esta doença altera, por completo, a vida de quem dela sofre. Ao dizer uma frase como esta, pode estar a implicar, aos olhos de quem ouve, que gostava mais da pessoa antigamente, que agora está diferente, chata, pior companhia, etc. Ninguém que sofra de uma doença crônica como a fibromialgia quer ouvir isto, até porque nunca mais voltarão a ser a mesma pessoa e não precisam de ser lembradas disso constantemente.

O Que Deve Dizer

6. “Estou aqui, estou do teu lado…”

Esta é, talvez, a frase que os doentes com fibromialgia mais precisam de ouvir. A doença de fibromialgia pode ser muito solitária, uma vez que é muitas vezes incompreendida, até porque a pessoa não aparenta estar doente e faz uma vida ao que parece normal. Daí a designação de “doença invisível”… no entanto, o apoio físico e emocional a uma pessoa com fibromialgia deve ser tudo menos invisível. Faça questão de dizer e mostrar ao doente que está efetivamente do seu lado, para o que der e vier – esse apoio é a melhor coisa que pode dar a uma pessoa com fibromialgia.

7. “Precisas de alguma coisa? Posso ir buscar o pão…”

As tarefas diárias de um doente com fibromialgia tornam-se mais difíceis de executar e, por vezes, mesmo impossíveis. Oferecer-se para fazer alguma coisa e, melhor, dar até sugestões daquilo que pensa poder fazer para ajudar (colocar link para artigo anterior, p.f.) será uma dádiva para a pessoa. Não se fique apenas pela intenção, até porque quem sofre de uma doença crónica nem sempre quer estar a incomodar os outros – para evitar esse tipo de situações, informe a pessoa que pode contar consigo para o que ela precisar ou então especificamente para esta ou aquela atividade, todas as semanas por exemplo.

8. “Como foi o teu dia? Melhor que ontem?”

Um doente com fibromialgia precisa de desabafar, de relatar as suas melhorias e recaídas e perguntar-lhe “como foi o teu dia, melhor que ontem?” é mostrar-lhe que está atento a e preocupado com o seu estado de saúde. Dizer uma frase como esta é incentivar a conversa, mostrar que está ali para ouvir, que tem o seu apoio incondicional e que está a torcer para que hoje se esteja a sentir realmente melhor.

9. “O que te apetece fazer hoje?”

Os níveis de energia e a intensidade de dores que afetam os doentes com fibromialgia flutuam – costuma dizer-se que a única coisa previsível acerca desta doença é a sua imprevisibilidade. Por isso mesmo, é importante ouvir a pessoa com fibromialgia acerca daquilo que pretende fazer em determinado dia antes de a bombardear com sugestões e planos. A pessoa pode querer ficar em casa a descansar ou sair e ir passear para a praia, ou seja, só ela é que saberá o que “aguentará” em determinado dia – seja sensível a isso.

10. “Como estão a correr as coisas?”

Em vez de perguntar “como é que te sentes?”, pergunte antes “como estão a correr as coisas?” – para além de deixar a porta aberta para a pessoa falar da doença se assim desejar, é um incentivo para conversar sobre todos os outros aspetos da sua vida, que são igualmente importantes. Por vezes, as pessoas com fibromialgia precisam de “ver” além da doença e reconhecer outras coisas positivas ou negativas (que podem até influenciar o seu estado de saúde) que estão a acontecer no seu dia-a-dia. A pessoa pode não estar a sentir-se nos seus melhores dias, mas a vida pode estar a correr-lhe muito bem – e é ótimo destacar isso.

O que é fibromialgia 

O termo fibromialgia refere-se a uma condição dolorosa generalizada e crônica. É considerada uma síndrome porque engloba uma série de manifestações clínicas como dor, fadiga, indisposição, distúrbios do sono . No passado, pessoas que apresentavam dor generalizada e uma série de queixas mal definidas não eram levadas muito a sério. Por vezes problemas emocionais eram considerados como fator determinante desse quadro ou então um diagnóstico nebuloso de “fibrosite” era estabelecido. Isso porque acreditava-se que houvesse o envolvimento de um processo inflamatório muscular, daí a terminação “ite”.

Atualmente sabe-se que a fibromialgia é uma forma de reumatismo associada à da sensibilidade do indivíduo frente a um estímulo doloroso. O termo reumatismo pode ser justificado pelo fato de a fibromialgia envolver músculos, tendões e ligamentos. O que não quer dizer que acarrete deformidade física ou outros tipos de seqüela. No entanto a fibromialgia pode prejudicar a qualidade de vida e o desempenho profissional, motivos que plenamente justificam que o paciente seja levado a sério em suas queixas. Como não existem exames complementares que por si só confirmem o diagnóstico, a experiência clínica do profissional que avalia o paciente com fibromialgia é fundamental para o sucesso do tratamento.

A partir da década de 80 pesquisadores do mundo inteiro têm se interessado pela fibromialgia. Vários estudos foram publicados, inclusive critérios que auxiliam no diagnóstico dessa síndrome, diferenciando-a de outras condições que acarretem dor muscular ou óssea. Esses critérios valorizam a questão da dor generalizada por um período maior que três meses e a presença de pontos dolorosos padronizados.

Diferentes fatores, isolados ou combinados, podem favorecer as manifestações da fibromialgia, dentre eles doenças graves, traumas emocionais ou físicos e mudanças hormonais. Assim sendo, uma infecção, um episódio de gripe ou um acidente de carro, podem estimular o aparecimento dessa síndrome. Por outro lado, os sintomas de fibromialgia podem provocar alterações no humor e diminuição da atividade física, o que agrava a condição de dor.

Pesquisas têm também procurado o papel de certos hormônios ou produtos químicos orgânicos que possam influenciar na manifestação da dor, no sono e no humor. Muito se tem estudado sobre o envolvimento na fibromialgia de hormônios e de substâncias que participam da transmissão da dor. Essas pesquisas podem resultar em um melhor entendimento dessa síndrome e portanto proporcionar um tratamento mais efetivo e até mesmo a sua prevenção.

Fibromialgia em Pacientes

Os mais comuns e característicos sintomas da fibromialgia são dor, fadiga e distúrbio do sono. 

A dor é o principal fator que leva o paciente a procurar cuidados médicos. As queixas dos pacientes em relação aos sintomas dolorosos são expressas com palavras do tipo: pontada, queimação, sensação de peso, entre outras. 

O paciente apresenta dificuldade na localização precisa do processo doloroso. Alguns têm a impressão de que ela ocorre nos músculos, outros nas articulações, enquanto uma parte relata que a dor se localiza nos ossos ou "nervos". 

Uma grande parte destes pacientes se queixa de dor difusa, referindo-se à dor com expressões do tipo: "dói o corpo todo" ou "dói tudo, doutor", quando interrogados sobre a sua localização. 

Tem se demonstrado, por meio de diversos estudos, a diminuição da produtividade e da qualidade de vida na fibromialgia. Isso justifica o crescente interesse da classe médica no estudo dessa entidade clínica.

Fibromialgia tortura com dores pelo corpo 

Reconhecida há apenas 10 anos, doença atinge mais mulheres acima dos 40 e ainda não tem cura, mas já pode ser tratada. 

A dona-de-casa Marina Bianconi, 55, e a faxineira aposentada Dalira dos Santos, 51, passaram dez anos sentindo dores pelo corpo todo, sofrendo de cansaço crônico e sem conseguir dormir direito. A dor lancinante, que raramente dava trégua, impedia que realizassem tarefas cotidianas banais como lavar pratos ou dirigir. 

Embora vivam em mundos completamente distintos – Marina sempre consulta médicos particulares, enquanto Dalira recorre ao sistema público de saúde –, as duas passaram por vários especialistas e tomaram doses cavalares de analgésicos até descobrirem que eram portadoras de fibromialgia, síndrome que atinge 5% da população mundial, mas que ainda é pouco familiar até mesmo para os médicos. Reconhecida como doença apenas em 1990, a fibromialgia ataca principalmente mulheres acima de 40 anos (há apenas 1 homem para cada 9 portadoras da síndrome nessa faixa etária). Os principais sintomas são dores generalizadas pelo corpo, fadiga crônica, sono não-restaurador, formigamento nas mãos e nos pés, enxaqueca e problemas intestinais. Uma vez que ainda não existe exame laboratorial que comprove a doença, o diagnóstico tem de ser feito a partir dos sintomas relatados pelo paciente e de um exame clínico que mede a sensibilidade à dor em 18 pontos espalhados pelo corpo. “Para um paciente ser diagnosticado como fibromiálgico, ele precisa se queixar de dor difusa há mais de três meses, ter distúrbios no sono e apresentar sensibilidade em pelo menos 11 dos 18 pontos do exame clínico”, explica Jamil Natour, reumatologista da Unifesp. Como os sintomas da fibromialgia são parecidos com os de outras patologias (de tendinite e gota a lúpus, hipotireodismo e até esclerose múltipla) e como nem todos os médicos conhecem a síndrome, os pacientes podem sofrer anos até obter o diagnóstico, como aconteceu com Marina e Dalira. “Passei dez anos achando que sofria da coluna. Foi um alívio ouvir do meu médico que meu problema era fibromialgia”, diz a segunda. Os pacientes também são vítimas de preconceito, já que a inexistência de exame físico que comprove a doença faz com que muita gente desconfie da veracidade das queixas. “Uma amiga chegou a me dizer que tanto tempo de cama era coisa de artista”, reclama Marina. Em alguns casos, ate mesmo os médicos suspeitam das queixas e classificam os fibromiálgicos como portadores de distúrbios psiquiátricos, aumentando o estigma e o sofrimento. Foi o que aconteceu com o historiador Eglon Azevedo, 53, de Tatuí (153 km de SP). “Disseram que eu tinha problemas mentais. Tive de fazer anos de análise para superar isso”, conta. 

Sintomas mais comuns 

1. Dor generalizada pelo corpo por, pelo menos, três meses.
2. Sono inquieto, superficial e não-restaurador (o paciente já acorda cansado).
3. Cansaço, perda de energia e diminuição da resistência a exercícios físicos.
4. Cólon irritado (diarréia alternada com prisões de ventre) e outras disfunções intestinais.
5. Formigamento e dormência nos braços, pernas, rosto e, sobretudo, nas mãos e nos pés.
6. Depressão de ansiedade crônicas.
7. Cefaléia
8. Sensação de inchaço nas articulações.
9. Rigidez muscular.
10. Desconforto diante de mudanças 

Tipos de Tratamento 

1. Uso de antidepressivos tricíclicos para aumentar a vida útil da serotonina. A dosagem é menor do que para pacientes com depressão e tem efeito analgésico e de relaxante muscular. 
2. Uso de analgésico leve para interromper o ciclo da dor. Indicado em casos de crises agudas, tem efeito temporário. 
3. Exercícios físicos de baixo impacto (sobretudo caminhadas ou natação) para aumentar a produção da endorfina e melhorar a oxigenação muscular. 
4. Alongamento para aliviar a sensação de dor provocada pela contração muscular excessiva, comum em pacientes com fibromialgia. 
5. Acupuntura para melhorar a qualidade do sono, estimular a produção de serotonina e endorfina e combater a depressão e a ansiedade. 
6. Redução das situações de estresse procurando fazer pequenas pausas de descanso ao longo do dia para evitar a fadiga. 
7. Técnicas de relaxamento: ioga, meditação, massagem, meditação, massagem e hidroterapia (a água também ameniza a dor). 

Fatores de Risco 

1. Falta de condicionamento físico: o sedentarismo é apontado como o principal fator de risco. “Pouquíssimos atletas desenvolvem fibromialgia”, diz Jamil Natour, reumatologista da Unifesp. 
2. Mudanças hormonais como incidência de fibromialgia são maiores em mulheres que estão entrando na menopausa: os pesquisadores suspeitam que as mudanças hormonais estejam entre os fatores que desencadeiam a doença. 
3. Estresse e traumas emocionais: um acidente de carro pode estimular o aparecimento da doença. 
4. Doenças infecciosas: há vários relatos de pacientes que desenvolveram fibromialgia depois de serem acometidos por doenças infecciosas. 
5. Hereditariedade: filhos de fibromialgicos têm mais chances de desenvolver a doença, mas os pesquisadores não sabem se o fator de risco é o estilo de vida da família ou a genética. 

A psicóloga Andréa Goldfarb acompanhou durante cinco anos um grupo de 12 mulheres portadoras de fibromialgia para fazer sua tese de doutorado e testemunhou a discriminação. “Uma das minhas pacientes chegou a contar que um médico disse que ela precisava era arranjar um marido. Como colegas e familiares olham e não vêem nada de errado, o paciente fica desacreditado”. Para vencer o preconceito e a falta de informação, os 20 portadores de fibromialgia de Tatuí encontram-se a cada 15 dias para trocar experiências sobre tratamentos que dão certo. “No começo, isso aqui parecia um concurso de dor. Hoje, nossa associação é como um clube. Sempre tem um bolinho quando tem aniversário de alguém”, brinca a bancária aposentada Eloísa Pedroso, integrante do grupo desde que foi formado, há seis meses. 

Sem cura
Embora ainda não tenha sido descoberta cura para a fibromialgia, há casos em que os sintomas retrocedem quase totalmente. A prática de alongamento e de exercícios físicos de baixa intensidade, aliada ao uso de analgésicos e de antidepressivos tricíclicos, tem sido a forma de tratamento mais bem-sucedida. Acupuntura, hidroterapia e outras técnicas que combatem a ansiedade e depressão também são usadas, sobretudo em pacientes que não respondem bem ao tratamento convencional.
O motorista Elias Pompeu, 35, tomava antidepressivos e fazia exercícios. Na semana passada, começou a fazer hidroterapia e vai ser submetido a sessão de acupuntura. ”Quando tinha crises não conseguia nem segurar um copo”, conta.
“Como ainda não sabemos com precisão o que causa a fibromialgia, fica difícil pesquisar como curá-la”, explica Natour. O que os cientistas sabem de concreto é que os fibromiálgicos têem menos serotonina (neuro-transmissor que regula a sensação de dor) do que as pessoas normais e que apresentam um distúrbio que encurta a fase de sono profundo e impede que o corpo descanse, provocando fadiga e hipersensibilidade. “Falta descobrir por que isso ocorre”, diz o acupunturista Hong Jin Pai, do Centro da Dor do Hospital das Clínicas. 

Pesquisadores da Universidade do Texas (EUA) descobriram no ano passado que os portadores de fibromialgia têem de duas a três vezes menos substância P (também envolvida no controle da dor) do que o normal. A descoberta vai ajudar a diagnosticar com mais precisão a doença. “Eles desenvolveram um kit que permite testar o nível de substância P para saber se a pessoa tem fibromialgia. Mas o exame ainda não chegou ao Brasil”, diz a fisiatria Helena Kaziyama, do HC. Já foi comprovado que mulheres na fase da menopausa, pessoas submetidas a estresse físico ou emocional e sedentários estão mais sujeitos a desenvolver a doença. Vícios de postura e até acidentes de carro também foram relacionados à doença. O historiador Eglon Azevedo acredita que o trabalho como bibliotecário por vários anos é um dos culpados por sua situação. “Ficava encurvado em uma cadeira durante horas”, lembra Azevedo que, como boa parte dos fibromiálgicos, virou um expert na doença para compensar a falta de informação que ainda atinge até os médicos. 

Estresse no trabalho 

Embora saiba que cientificamente não há como afirmar o que causa a fibromialgia, o policial civil J.Z., 39, tem certeza de que, no seu caso, o estresse no trabalho detonou a doença. “Tinha cobrança demais, meu chefe era muito autoritário”, conta J., que está de licença médica e prefere não ser identificado porque teme represália do patrão. “Ele nunca entendeu o que eu sentia. Quando reclamava de dor, ele exigia que eu trabalhasse mais”. J. começou a sentir dores no pulso há três anos. O clínico-geral que o atendeu suspeitou de gota. Como os exames de ácido úrico não indicaram nenhuma alteração, a dor passou a ser atribuída à tendinite. “Me mandaram fazer ultra-som, mas também não deu nada. Á essa altura, a dor havia se espalhado pelos braços, cotovelos, ombros e pela região cervical”. Ele também não dormia bem, tinha problemas intestinais e na bexiga. Morador do interior de São Paulo, próximo da fronteira com Minas, J. peregrinou por toda a região atrás de um diagnóstico conclusivo. “Fui a urologista, nefrologista, clínicos-gerais, e ortopedistas, mas nenhum descobriu o que eu tinha. Fiz exames de próstata, pedra nos rins e cólon irritável. Como todos deram negativo, os médicos me mandaram procurar um psiquiatra.” Quando um ortopedista de Poços de Caldas (MG) finalmente diagnosticou a fibromialgia, há um ano, J. estava com depressão crônica, tomava antiinflamatórios, antidepressivos e relaxante muscular. “Agora faço RPG, caminho e continuo tomando o antidepressivo. Já durmo melhor e me sinto menos cansado. Mas a dor ainda incomoda”. 

Vítimas de preconceito 

Como os exames feitos em diversos laboratórios não indicavam nada de errado, mas as dores pelo corpo persistiam, parentes e amigos da dona-de-casa Marina Bianconi, 55, passaram a duvidar de suas queixas. “Uma amiga chegou a me dizer que tanto tempo de cama era coisa de artista. Os médicos aconselhavam descanso, mas eu dormia e acordava com mais dor”, lembra. Durante dez anos, Marina se intoxicou de remédios e gastou muito dinheiro com especialistas até a fibromialgia ser diagnosticada, há três anos. Adepta desde então da acupuntura, a dona-de-casa diz que não sente mais tanta dor. “Eu estou mais tranqüila, e o formigamento dos pés e das mãos também diminuiu”. 

Para Marina, a dor provocada pela fibromialgia é mais intensa do que dor de dente. “É horrível sentir dor por muito tempo. Um ou dois, tudo bem. Mas não existe a possibilidade de alguém suportar o corpo doendo durante a vida toda”. 

Depois de passar dez anos achando que sofria da coluna, a aposentada Dalira dos Santos, 51, sentiu alívio ao ouvir do médico que tinha fibromialgia. “Quando a dor atacava, não saía da cama. Tive problemas no emprego por causa do excesso de licenças médicas. Mas, mesmo sem trabalhar, sentia dores”. “Chegou uma hora em que os patrões não acreditavam porque nenhum médico conseguia decifrar o problema”, lembra. “Nessa época, tive de contar com a ajuda dos meus seis filhos para os serviços de casa”. 

Contrariando o conselho médico, Dalira admite que, quando as dores atacavam, ficava quieta, sem se mexer. Hoje, segue à risca as indicações da fisiatra Helena Kaziyama, do HC. “Faço alongamento, relaxamento, acupuntura e hidroterapia. Sou outra mulher. Além da diminuição da intensidade da dor, já consigo dormir tranqüilamente”. Sem saber ao certo as causas da doença, Dalira teme que seja hereditária. “Minha filha mais velha, de 29 anos, já começou a reclamar. Estou achando que ela poderá ter o mesmo problema. É mais sofrimento a caminho”, desabafa. 

Clube da Luluzinha 

O historiador Eglon de Azevedo, 53, é o único homem presente nas reuniões da associação que reúne portadores de fibromialgia e LER de Tatuí (interior de SP). Não bastassem a dor, o cansaço e as crises de ansiedade, Eglon teve de enfrentar a desinformação sobre a doença. “As pessoas acham que estamos enrolando e não queremos trabalhar”, diz o historiador, que teve que brigar com os planos de saúde. “Eles não pagaram pelos meus tratamentos, alegando que eram alternativos e que só a fisioterapia resolveria. Já gastei R$7 mil com massagens e acupuntura.” 

Caminhando contra a dor 

No início, a dor forte se limitava aos quadris. Depois, o incômodo atingiu também os braços. Com o passar do tempo, a faxineira Felizbina Mateus, 53, não sabia mais o que era dormir bem. Antes do diagnóstico de fibromialgia, em 98, Bina, como é chamada, achava que as dores eram conseqüência da menopausa ou do excesso de trabalho. “Como não podia ficar em casa, me conformei”. Hoje, Bina ainda sente dores, mas diz que diminuíram graças aos antidepressivos e, sobretudo, às caminhadas diárias. “Faço tudo a pé, evito tomar condução”. 

Fibromialgia é confundida com LER 

No começo de 99, o reumatologista Jamil Natour, da Unifesp, pôde observar na prática como a fibromialgia é ainda desconhecida. A pedido de uma metalúrgica de Guarulhos (SP), o médico e sua equipe investigaram se os funcionários diagnosticados com LER (Lesão por Esforço Repetitivo) tinham de fato lesões ou inflamações nos músculos e tendões. Entre os 40 metalúrgicos com LER pesquisados 60% tinham, na verdade, fibromialgia. “Isso mostra como os médicos do trabalho ainda não conhecem a doença. Como esses metalúrgicos, muitos trabalhadores que têm fibromialgia recebem o diagnóstico errado e continuam sofrendo porque não são tratados adequadamente”, diz Natour. Enquanto os exercícios repetitivos, a má postura e o uso da força são as principais causas da LER, ainda não se sabe a origem da fibromialgia. A única semelhança entre as duas doenças é a dor. “Mas, na LER, a dor é localizada e, na fibromialgia, difusa”, diz a reumatologista Rita Beltrami. Tendinite (inflamação nos tendões), tenossinovite (inflamação de bainha de tendão) e a lombalgia (dores nas costas) são as lesões mais comuns em casos de LER. 

Doença pôs fim à preguiça 

A empresária Marilda Bonilha, 54, odiava fazer exercícios até saber que tinha fibromialgia. Hoje, caminha diariamente e faz hidroginástica para combater a dor. A doença foi diagnosticada em 97, mas Marilda sofria desde 87. Como a maioria dos portadores de fibromialgia, ela teve de aprender a conviver com a dor. “Passei dez anos tomando muito antiinflamatório, pulando de um especialista para outro. As dores nas juntas acabavam com meu humor e eu descontava tudo na família. Hoje o relacionamento com parentes e amigos melhorou muito”, conta. 

Folha de S. Paulo - Equílibrio - 18/01/2001 - pág. 10 e 11
Outro site:



Eu sofro muito com Fibromialgia....


sábado, 8 de junho de 2013



Saiba mais sobre a síndrome da respiração bucal

Entrevista especial com Gilda Souto – Ortodontista 

Gilda Souto é ortodontista e especialista em respiração bucal, tema da entrevista a seguir, realizada com a profissional pela equipe do SIS.SAÚDE.
O que vem a ser a respiração bucal?
É a suplência do oxigênio por via oral, quando o indivíduo está impedido da função nasal. Poderá ser por fator patológico-obstrução das vias nasofaríngeas ou por alterações ambientais temporárias, por exemplo, a prática da natação que requer temporariamente uma respiração bucal sem ser uma patologia.
 
Como patologia, a respiração bucal é uma disfunção respiratória que ocorre sempre que houver um impedimento obstrutivo da via aérea nasofaríngica,  ocasionada, ou por hipertrofia das adenóides, ou hipertrofia das amígdalas, ou desvio de septo e traumatismos faciais, como também as alergias que provocam as hipertrofias das adenóides. Essas disfunções ocasionam uma obstrução nasal que faz com que a pessoa passe a apresentar, na maior parte do tempo, a respiração pela boca em detrimento da respiração pelo nariz.
 
Os quadros alérgicos apresentam um papel fundamental no desenvolvimento da hipertrofia da adenóide, que é uma das causas principais da síndrome da respiração bucal. Devido à urbanização das sociedades, ocorreram, possivelmente, respostas alérgicas do organismo nessa adaptação ambiental e houve mudanças também no modelo respiratório, com maior prevalência da respiração bucal. Em situações de processos alérgicos, como rinites e asma, ocorrem mudanças no modelo funcional respiratório de nasal para bucal. Pois, em geral, os respiradores bucais demonstram alta positividade a alergenos, predominantemente os ácaros e o fumo passivo. Fatores secundários, como a obesidade, o período da amamentação e a história de hábitos bucais danosos persistentes à primeira infância, influenciam nesse modelo respiratório.
 
Qual a faixa etária que mais é acometida por essa patologia?
 
Geralmente as crianças antes da fase puberal são as mais afetadas. Ademais, a respiração bucal é mais frequente no gênero masculino. Pois, a obstrução na via aérea faringeana apresenta um efeito diferente nos gêneros, sendo mais prejudicial no masculino.
 
Quais os comprometimentos que a respiração bucal pode ocasionar, especialmente em crianças?
 
A respiração bucal é uma adaptação a uma deficiência funcional  ocasionada  por outro evento patológico, como respondi anteriormente - hipertrofia das adenóides, desvio de septo, hipertrofia das amígalas, traumatismo. Portanto, é uma síndrome.  Síndrome é um conjunto de sintomas e sinais que caracterizam uma doença. Como síndrome, poderá interferir na morfologia facial e na morfologia dentoalveolar, poderá também ser um agente desencadeador da apnéia obstrutiva do sono, igualmente interfere na postura corporal e na qualidade de vida. 
 
Figura 1: Face típica do respirador bucal
Fonte: FIinkelstein et al., 2000.
 
Em geral, o indivíduo desenvolve uma face classificada como “face longa”, como demonstrado na figura acima, como o sinal mais visível. Mas, há uma série de alterações associadas, tais como: a posição da cabeça para frente e abdução escapular, ombros colocados para frente, rotação mediana dos ombros, flexão da cabeça, assimetria de ombros e cabeça pendida para a lateral, na questão postural. Por exemplo, a alteração postural ocorre como uma tendência compensatória para aumentar a extensão da via aérea faringeana na busca de facilitar a respiração, porém, esse mecanismo compensatório não é suficiente para prover uma respiração normal.
 
Acrescente-se a essas informações o fato de que os lábios hipotônicos, a força da língua, a função mastigatória e o bruxismo estão associados a essa síndrome. Ademais, pode existir uma série de comprometimentos dentários, o que é denominado de má oclusão. Estudos encontraram, associadas a essa síndrome, as seguintes más oclusões: maior sobressaliência, maior altura dento alveolar, mordida cruzada, mordida aberta anterior, apinhamento superior e arco dentário inferior mais curto, entre outros aspectos. O que irá comprometer a estética facial.
 
Outro aspecto que é importante frisar é que a qualidade de vida dos respirados bucais é significativamente prejudicada. A respiração bucal revela-se mais intensa durante o sono, prejudicando a qualidade do sono. Como também, há uma maior dessaturação do oxigênio no sangue.
 
O sono insatisfatório, a sonolência diurna consequente e a dessaturação do oxigênio, que afetam o desempenho cerebral, podem contribuir para uma mudança no desempenho cognitivo e escolar, bem como na menor capacidade de atenção e maior estresse emocional manifestado por comportamentos agressivos, aspectos que também são observados em respiradores bucais.
 
Quais os sinais e sintomas que podem fazer com que se identifique essa patologia?
 
Como falei anteriormente, a respiração bucal é uma síndrome. Não existe relato de respirador bucal 100%, portanto é considerada  respiração bucal quando existe uma maior prevalência dessa função bucal do que a função nasal.
 
Reconhecê-la num exame clínico odontológico, que é o meu ofício, seria através da  morfologia dentofacial, do vedamento labial, perguntas quanto ao sono, perguntas sobre eventos infecciosos da garganta, sinusites e rinites. Esses aspectos levam a montar um diagnóstico compatível com a disfunção respiratória. Assim, a pessoa será encaminhada a um médico otorrinolaringologista, o qual fará o exame necessário para elaborar o diagnóstico preciso dessa patologia como também a sua causa.
 
É importante colocar que se a respiração bucal não for tratada adequadamente antes da fase puberal resultará em alterações nas vias aéreas superiores, deformidades dentárias, craniofaciais e posturais permanentes, além de distúrbios psicossociais severos. No adulto, pode ser encontrada, além dessas deformidades, uma tendência ao envelhecimento facial.
 
O que demonstra a severidade e a complexidade dessa síndrome, sendo necessária e prioritária a intervenção no padrão disfuncional da respiração na primeira infância. O que coloca em voga a necessidade de seu diagnóstico e tratamento adequados.
 
Como os pais ou uma pessoa deve fazer se apresentar alguns desses sinais e sintomas? Quem procurar?
 
A respiração bucal, como patologia, deve de ser diagnosticada e tratada pelo médico, que irá descobrir a causa e tratar do impedimento obstrutivo. Quando houver sido sanada ou equilibrada a causa dessa disfunção respiratória, será necessária uma reorganização do que faz parte do sistema respiratório, como arquitetura das arcadas dentárias, musculaturas faciais, musculatura da língua, postura, etc. Portanto, o tratamento é multidisciplinar, pois nenhuma terapêutica individual será capaz de retratar as alterações ocasionadas por essa síndrome. Assim, um oftalmologista, um cirurgião dentista, um ortopedista funcional,  um ortodontista facial, um fonoaudiólogo e um fisioterapeuta poderiam participar do tratamento, dependendo da necessidade de cada caso e da severidade dos comprometimentos relacionados. Pois, como comentado, a síndrome da respiração bucal poderá apresentar uma série de comprometimentos com graus variados de severidade. Assim, o quadro de profissionais necessários ao tratamento dependerá de cada caso específico.
  
Se essa patologia causa tantos transtornos, não deveria haver mais informações a respeito?
 
Acredito que existam informações a respeito, mas também a dificuldade de se diagnosticar e tratar dessa disfunção.  A função respiratória, no organismo, apresenta uma dinâmica vital pelas narinas. Os compartimentos que enriquecem, direcionam, equalizam o ar estão nas vias nasofaríngeas, isto é uma verdade biológica. Como o ser humano tem esta capacidade maravilhosa de adaptação, acredito ser importante investigações mais profundas a respeito de como reorganizar a função respiratória, ou como conviver com a disfunção.
 
 
Fonte da figura: FINKELSTEIN, Y.; WEXLER, D.; BERGER, G.; NACHMANY, A.; SHAPIRO-FEINBERG, M.; OPHIR, D. Anatomical basis of sleep-related breathing abnormalities in children with nasal obstruction. Arch. Otolaryngol. Head Neck Surg., v. 126, p. 593-600, 2000. 

Autor: Equipe SIS.SAÚDE 
Fonte: Gilda Souto, Ortodontista, Especialista em Respiração Bucal 

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SÍNDROME DO RESPIRADOR BUCAL:
ANÁLISE FISIOPATOLÓGICA E UMA
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA
PNEUMOFUNCIONAL

Thais Caniceiro de Oliveira*

RESUMO:

Esse ensaio relata,
inicialmente, a fisiopatologia
da Síndrome do Respirador
Bucal e posteriormente
aborda como a atuação
fisioterapêutica no
terapêutico do respirador
bucal. Esclarece, também, os
meios de prevenção dessa
síndrome e a necessidade do
atendimento multidisciplinar
para a melhora da qualidade
de vida do portador da
respiração bucal. O enfoque
nesse tema se torna
relevante devido constituir
um quadro complexo de
sinais e sintomas que
comprometem a saúde
física, mental e social do
respirador oral.
O processo de
respiração compreende,
primariamente, a ventilação
pulmonar que consiste da
captação do ar atmosférico,
podendo ser feita tanto pela
boca quanto pelo nariz.
Embora o orifício nasal ofereça
maior resistência ao fluxo de
ar do que a boca, a maioria
dos seres humanos normais
respira através do nariz. Tal
situação se torna mais
vantajosa pelo simples fato de
ser na cavidade nasal que o ar
é preparado para poder entrar,
em melhores condições, nos
pulmões, ou seja, é nessa
cavidade que o ar é aquecido
pelas superfícies extensas e
ricamente vascularizadas da
mucosa que reveste as
conchas, meatos e septo;
umidificado e, finalmente,
filtrado pela ação mecânica das
vibrissas e cílios e pela ação
bactericida do muco nasal,
além disso, esse processo é
facilitado pela preciptação
turbulenta do ar que passa
pelas vias nasais, chocando-se
com as saliências e
reentrâncias que esta região
apresenta, havendo
conseqüentemente um
retardamento na velocidade do
fluxo aéreo promovendo
maior contato das partículas
sólidas com a mucosa nasal,
onde estas estão aprisionadas.
Com isso fica claro que o
indivíduo respirador bucal não
terá o preparo de aquecimento,
umidificação e filtragem
do ar inspirado como
aquele que apresenta respiração
nasal. (COSTA, 1997)

I. O QUE É RESPIRADOR
BUCAL ?

É o indivíduo que
substitui o padrão correto de
respiração nasal por um
padrão inadequado, bucal ou
misto ( buconasal ).

II. ETIOLOGIA DA SÍNDROME
DO RESPIRADOR
BUCAL

As principais causas da
respiração bucal são problemas
orgânicos como sinusites,
rinites, hipertrofia de amígdalas,
faríngeas ou palatinas;
hipotonia da musculatura
elevadora da mandíbula,
devido à alimentação pastosa,
ou simplesmente postura
viciosa, sendo que o indivíduo
não apresenta nenhum
empecilho funcional ou
mecânico.

III. TIPOS DE RESPIRADOR
BUCAL

Existe o respirador bucal
orgânico que apresenta
obstrução mecânica à
passagem do ar pelo nariz por
vários motivos como,
hipertrofia ou má posição de
adenóide; hipertrofia de
cornetos; hipertrofia de
coanas; hipertrofia de
amígdalas; desvio do septo e
pólipos nasais. Há o respirador
bucal funcional que não possui
obstrução mecânica da
passagem do ar pelo nariz,
tendo como exemplo
pacientes em pós-operatórios
de cirurgias. Outro tipo de
respirador bucal é o neural que
por problemas neurológicos
sequelares ou congênitos,
inverteu o padrão correto de
respiração, como o portador
da Síndrome de Down e com
paralisia cerebral.

IV. ALTERAÇÕES FÍ-
SICO-FUNCIONAIS DA
SÍNDROME DO RESPIRADOR
BUCAL

- Alterações crâniofaciais e
dentárias: crescimento
crâniofacial vertical, desvio
do septo, mordida cruzada,
protusão dos incisivos
superiores, palato inclinado
e hipodesenvolvimento dos
maxilares;

- Alterações dos órgãos
fonoarticulórios: hipotrofia,
hipotonia e hipofunção dos
músculos elevadores da
mandíbula, hipofunção dos
lábios, bochechas, lábios
ressecados e rachados,
gengivas hipertrofiadas,
anteriorização língua e
propriocepção bucal
alterada;

- Alterações Posturais:
deformidades torácicas,
musculatura abdominal
flácida, cabeça mal
posicionada, com alteração
para coluna, ombros caídos,
protusão abdominal;

- Alteração das funções orais:
mastigação ineficiente,
levando a engasgos pela
incoordenação da respiração
com a mastigação e
problemas digestivos, fala
imprecisa, com excesso de
saliva, sem sonorização, voz
rouca e anasalada;

- Outras alterações possíveis:
sinusites, otites, halitose e
diminuição do paladar e do
olfato, alteração do apetite,
sede constante, sono
perturbado, dificuldade de
concentração e atenção,
gerando dificuldades
escolares em crianças,
olheiras, diminuição da
audição e assimetria facial
visível.

V. A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA
RESPIRATÓRIA

A fisioterapia respiratória
atuará, atendendo o paciente
respirador bucal tendo como
artifícios, primeiramente,
métodos para avaliação das
disfunções provocadas pela
respiração bucal. Os distúrbios
da função pulmonar,
sobretudo aqueles de ordem
mecânica, tais como redução
da expansibilidade tóracoabdominal
e alterações da
ventilação, podem ser
mensurados através de um
conjunto de medidas da
mecânica ventilatória, por
meio da cirtometria tóracoabdominal,
permeabilidade
das vias aéreas e força
muscular respiratória.
Costa ( 1997 ) faz os
seguintes comentários quanto
aos procedimentos de
verificação da função e
mecânica ventilatórias: “A
cirtometria é usada para avaliar
o grau de expansibilidade do
tórax, que, por sua vez, irá
fornecer dados indiretos da
complacência tóracopulmonar,
já a permeabilidade
das vias aéreas, será avaliada
através do Peak Flow ( pico
máximo de fluxo expiratório )
que estará diminuída em
indivíduos portadores de
pneumopatias, com fraqueza
muscular respiratória e,
principalmente, naqueles que
apresentam obstrução das vias
aéreas. A força dos músculos
respiratórios será mensurada
pela Pressão Inspiratória
máxima (PImáx) e pela
Pressão Expiratória máxima
(PEmáx) que constituem
parâmetros fidedignos na
avaliação mecânica da função
pulmonar, especificamente da
caixa torácica. Há outro
método alternativo que
recentemente foi pesquisado
para avaliar a força muscular
inspiratória, que pode ser
refletida pela mudança da
pressão esofagiana durante
uma “fungada” máxima, porém
constitui um método
desagradável de ser executado,
sendo válido apenas por
consistir um método não
invasivo para estimar a pressão
esofagiana, propondo a
pressão inspiratória nasal
(Snip), ou “ fungada ” sem
colocação de balão intraesofagiano”.
Após a avaliação das
funções respiratórias, a
fisioterapia respiratória irá
atuar corrigindo a respiração
bucal através de um treinamento
de reeducação respiratória,
envolvendo exercícios
globais, orientação e exercícios
específicos de respiração que
irão ocasionar uma provável
redução na resistência nasal à
passagem do ar inspirado.
Além disso, durante a
respiração nasal, a atividade
aumentada dos músculos
alares restringem a
flexibilidade vestibular contra
o aumento induzido pelo
exercício físico. Cada um
desses mecanismos (mucosal
e muscular) respiratórios
promovem uma desobstrução
das vias aéreas superiores,
especialmente da cavidade
nasal.

VI. CONSIDERAÇÕES
FINAIS

A atuação multidisciplinar
na Síndrome do
Respirador Bucal é de extrema
necessidade, pois trata-se de
um quadro complexo, onde é
necessária a intervenção do
médico (clínica, pediatria,
otorrinolaringologia,
alergologia), do odontólogo
(ortodontia e ortopedia facial
), do fonoaudiólogo, do
fisioterapeuta, e em alguns
casos do psicólogo e do
psicopedagogo.
A principal prevenção
dessa síndrome é a amamentação,
pois nutre as necessidades
emocionais e propicia o
adequado desenvolvimento
das estruturas do sistema
estomatognático. Durante a
amamamentação a criança
estabelece o padrão correto de
respiração, mantém corretamente
as estruturas orais,
facilitando a evolução do sugar
para o mastigar, ela não
executa o simples movimento
de sucção, mas sim executa
movimentos de “ordenha” que
são estímulos neurofuncionais
para o correto desenvolvimento
da musculaturaperioral
para estabelecer um bom
vedamento labial, além de
estímulos para o correto
posicionamento mandibular
corrigindo o retrognatismo
natural após o nascimento.
Além da amamentação,
a conscientização em relação
aos hábitos orais (uso de
chupetas e mamadeiras
inadequadas, chupar dedos,
sucção digital e de objetos), à
alimentação (consistência dos
alimentos) e à higiene
ambiental são importantes na
prevenção da respiração bucal.
Além disso, é necessária
orientação da população para
detecção precoce e eficiente
tratamento multidisciplinar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Dirceu. Fisioterapia
Respiratória na correção da
respiração bucal.Fisioterapia
em movimento. v.10, n. 1,
p.111-120, abr/set, 1997.
GUYTON, A. Tratado de
Fisiologia Médica. 8. ed. São
Paulo: Guanabara Koogan,
1991.
TEIXEIRA, Elizabeth. As três
metodologias.Belém: Grapel,
1999.
http//: www.cirb.med.br/
index03.htm
http// :
www.ceaodontofono.com.br/
p u b l i c a c o e s /
jul99_postura.html
http// :
www.respiremelhor.com.br/
cemarb/sindrome.html
http// : www.sbai.org.br/
vol233/conex.htm


Eu sofro bastante com esta síndrome....