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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

PrettoNelson









BIOGRAFIA E ARTIGO: NELSON DE LUCA PRETTO

http://twiki.ufba.br/twiki/bin/view/Pretto/WebHome#LiVros

Nelson De Luca Pretto
Eu Nasci
Eu nasci assim...

Lá pelas bandas do rio grande do sul.
Depois vivi em Joaçaba, Santa Catarina.
Tipo com uns onze anos me mudei com meus pais para a deliciosa São Salvador da Bahia.
Pronto. Rapidinho, não?! De lá... Bom... Fiz - e continuo fazendo! - um bucado de coisa...
Tem um pouco desta história em alguns vídeos e programas de tv. Um dia digitalizo tudo e ponho aqui. Tenha paciência!
Minha família querida, em foto do início de 60, em porto alegre, na rua Souza doca, bairro de Petrópolis...

Formação...
Sou Professor Associado I/DE da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Entrei na UFBA em 1978, até o mês de março de 1996 estava no Departamento de Física Geral do Instituto de Física. Me transferi para Faculdade de Educação neste ano, para o Departamento de Educação II.
Fui Diretor da FACED por dois períodos consecutivos, entre 2000 e 2004 e entre 2004 e 2008. Que bela experiência, viu?!
Licenciado em Física e Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia. Meu doutorado foi na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (1994), com um estágio no Centro de Televisão Universitária da Universidade de Milão/Itália. Belo tempo esse de Sampa e Milano...
Fui da diretoria do Sindicato do Professores do Estado da Bahia (SINPRO.BA). Foi uma pauleira retomar este sindicato dos pelegos mas... um dia conto melhor esta história. Aliás, já comecei foi no congresso do sinpro de 98.
PRETTO, Nelson de Luca – UFBA – www.pretto.info
http://twiki.ufba.br/twiki/bin/view/Pretto/WebHome
GT: Educação e Comunicação / n.16
Agência Financiadora: CNPq

Reflexões sobre EAD: concepções de educação educação1
Nelson De Luca Pretto
E-Mail: nelson@pretto.info, pretto@ufba.br

Alessandra de Assis Picanço
alessand@ufba.br

Currículo Lattes de Nelson Pretto
Grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e Tecnologias
Pesquisador(a) Nelson De Luca Pretto

Link para Currículo Lattes:
http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/detalhepesq.jsp?pesq=1504621070252946

Dados gerais Indicadores de produção C, T & A
Dados gerais
Identificação do pesquisador
Nome: Nelson De Luca Pretto PQ 1D
Titulação: Doutorado
Currículo Lattes: 02/10/2008 20:10
E-mail: nlpretto@pq.cnpq.br
Homepage: http://www.pretto.info
Grupos de pesquisa em que atua na instituição
Ábaco - Grupo de Pesquisas Interdisciplinares Sobre o Computador na Educação - UNB (pesquisador)
Educação, Comunicação e Tecnologias - UFBA (líder)
Linhas de pesquisa em que atua
Educação e Tecnologias de Informação e Comunicação
Tecnologias na Educação
Estudantes, participantes de grupo(s) de pesquisa na instituição, orientado(s) pelo(a) pesquisador(a)
Adriana do Nascimento Cerqueira
Adriane Lizbehd Halmann
Darlene Almada Oliveira Soares
Dart Clea Rios Andrade Araújo
Fabricio Araujo de Santana
Maristela Midlej Silva de Araújo
Nicia Cristina Rocha Riccio
Simone de Lucena Ferreira
Socorro Aparecida Cabral Pereira
Indicadores de produção C, T & A dos anos de 2005 a 2008
Tipo de produção 2005 2006 2007 2008
Produção bibliográfica 14 22 19 10
Produção técnica 18 6 4 1
Orientação concluída 6 6 7 2
Produção artística/cultural e demais trabalhos 0 0 0 0
Artigos- Textos
PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola com/sem futuro.: educação e multimídia. Campinas, SP: Papirus, 1996
PRETTO, Nelson de Luca. Formação de professores exige rede. In Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v.20,.Maio-Ago, 2002, p. 121-131.
Identificar no autor Pretto, Nelson de Luca em seus artigos:

PRETTO, N. D. L. Educação e Comunicação: cruzando caminhos?! 14° Reunião Anual da Anped, mimeo, 1991.

PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola com/sem futuro.: educação e multimídia. Campinas, SP: Papirus, 1996

PRETTO, Nelson de Luca. Formação de professores exige rede. In Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v.20,.Maio-Ago, 2002, p. 121-131.

PRETTO, N. D. L., Mídia, currículo e o negócio da educação, no prelo.

PRETTO, N. D. L., PICANÇO, A. de A. Reflexões sobre EAD: concepções de educação1 em Educação a Distância no contexto brasileiro: algumas experiências da UFBA/ Coordenadoras, Bohumila Araújo e Katia Siqueira de Freitas; autores, André Lemos ... [ et al.]. - Salvador: ISP/UFBA, 2005. 170p. ; 21cm. – (Educação a Distância no contexto brasileiro;1). ISBN 85-99674-02-1 I. Araújo, Bohumila II. Freitas, Katia Siqueira de III. Título.

A Educação a Distância (EAD) no ensino superior vem sendo popularizada, envolvendo um uso intensivo das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nesse nível de ensino, implicando um número cada vez maior de estudantes, professores e instituições, tanto públicas como privadas, em um novo conjunto de desafios. A presença das TIC fomenta e cria condições potenciais para a interação e o desenvolvimento de projetos comuns em grupos heterogêneos, mas ela não se limita a uma “presença técnica” a serviço de uma educação única. Diferente disso, trata-se de uma processo sociotécnico, inserido numa dinâmica política, de tomadas de decisão, de construção coletiva de projetos políticos e(-) pedagógicos.
Essa perspectiva é crucial no debate recente sobre a autorização das universidades públicas para o desenvolvimento da EAD quando se acrescenta à essa discussão a crise estrutural pela qual passam tais instituições. No centro da crise, está um conjunto mais amplo de políticas públicas – da educação no sentido mais amplo, da cultura, telecomunicações, ciência e tecnologia - que poderão garantir condições técnicas, tecnológicas, institucionais e teóricas para o pleno desenvolvimento da EAD.
Pretto utiliza Otto Peters em seu artigo...
Nessa perspectiva, a EAD é produzida a partir de uma intensa racionalização do processo de ensino. Segundo Otto Peters, fundador e primeiro reitor da Fernuniversität, importante universidade a distância na Alemanha, existem várias características marcantes dos processos de EAD que norteiam os modelos que vêm sendo implantados nas instituições. Dentre estas características estão: a hierarquização e divisão do trabalho através da fragmentação do processo de ensino em etapas realizadas por diferentes sujeitos (comunicadores, conteudistas – sic! -, orientadores) de modo isolado no tempo e no espaço. A mecanização/ automação do processo de transmissão de conteúdos, promovendo a padronização do ensino, é uma outra característica relevante. Outros elementos de peso são a economia de escala e a mercantilização em relação aos quais o ensino-aprendizagem estão submetidos (PETERS, 2001). O que temos visto é que essas características podem ocorrer, e vem ocorrendo, na educação como um todo. Há um movimento intenso de aproximação entre educação e a lógica de mercado em nossa sociedade, no qual instituições de ensino são concebidas, implantadas e funcionam como qualquer outra instituição empresarial.

Pretto (2001, p.117) refere-se: aos professores como sendo hoje no Brasil uma classe desprestigiada, mal remunerada, malformada, e cumprindo a contra gosto determinadas tarefas que mais parecem a produção de um automóvel do que o da formação de crianças e adolescentes. Nesse sentido, é importante refletir sobre a urgência de preparar os professores para as atividades que irão desenvolver com seus alunos.
Pretto (2001, p.117-118) afirma que:
Iniciar hoje a formação do novo educador é premente. Um significativo passo nessa direção é considerar, no cotidiano da sua formação, as questões da comunicação, da informação e das imagens, com o objetivo de tornar os novos profissionais preparados para vivenciar os desafios do mundo que se está construindo. Naturalmente, se estamos pensando numa escola na qual a cultura audiovisiva seja uma presença, o professor, principal personagem desse processo, precisa estar preparado para trabalhar com essa cultura.. Uma cultura que está intimamente relacionada com as mídias e por isso, exige e determina uma nova linguagem.

Pensando desse modo, os sujeitos que mobilizam o espaço escolar e dão sentido à prática social de educação, em especial os profissionais da educação, têm um papel fundamental, em diversas dimensões. De um lado, temos uma forte ênfase na lógica de cidadão-consumidor, aluno-cliente e da perspectiva de individualização dos sujeitos e de sua formação, como ponto de partida na preparação do sujeito para competir (e conquistar “sucesso” na vida social/profissional). De outro, podemos – e devemos! - pensar em considerar o cidadão como sujeito de produção de conhecimento e cultura, que opera no coletivo e pode colaborar para alterar sua realidade e a de todos os outros. A mudança de ênfase não se dará sem uma transformação radical nas condições de trabalho/formação dos professores, uma vez que são eles que precisam estar qualificados e dedicados a enfrentar este poderoso universo de intenções que cercam o seu campo de atuação, campo esse fortemente influenciado pelas formas contemporâneas de publicidade adotadas pela/para a educação. Nesse sentido, as políticas de formação são insuficientes quando buscam apenas treinar professores ou certificá-los através de cursos, normalmente, aligeirados, uma tendência manifesta nas políticas públicas brasileiras que celebram a EAD como marco para essas novas possibilidades. Dados mostram que a maior parte dos cursos a distância oferecidos por instituições de ensino superior são cursos de licenciatura, que irão formar os profissionais de educação (ingressos ou não no mercado de trabalho).

Ufba: o desafio do diálogo
Nelson Pretto - Diretor da Faculdade de Educação da UFBA - www.pretto.info
http://www.faced.ufba.br/rascunho_digital/textos/709.htm
A sociedade baiana acompanha a grave crise institucional da história recente da Ufba, fruto da ação da Reitoria no sentido de tentar impor a sua vontade na implementação da política do governo federal para reestruturação das universidade públicas (Reuni). Numa intensa ação midiática, ao longo do último ano, o reitor da Ufba vem apresentando o polêmico Projeto Universidade Nova, que prevê outro funcionamento da universidade, com mudanças nos cursos de graduação, através dos chamados bacharelados interdisciplinares.
Alguns dos elementos deste projeto acabaram inseridos no decreto do MEC (Reuni) que anuncia recursos para as universidades públicas que se submetam ao chamado "modelo Reuni". Contudo, diversas unidades e inúmeros docentes apresentaram críticas aos mencionados projeto e decreto. Entre seus opositores, os mais barulhentos, sem dúvida, têm sido os estudantes. Protestando contra as insuficientes políticas de assistência estudantil, contra a citada proposta de reestruturação da universidade e, principalmente, contra os métodos que a administração central da Ufba vem usando para fazer valer as suas posições, os estudantes ocuparam a Reitoria durante mais de 40 dias.
É óbvio que não se trata aqui de apoiar ocupações, pura e simplesmente. No entanto, não se pode simplesmente desqualificar essa forma de protesto. Note-se que, neste processo, o conselho máximo da Ufba não foi chamado para tratar da crise institucional que se instalara, e que foi agravada em 19 de outubro passado, quando fora convocado para reunir-se na Faculdade de Direito, e não na Reitoria recém-ocupada. Nesse dia, os estudantes intensificaram o protesto, conturbando a reunião, e, a despeito disso, o reitor conduziu uma "votação", literalmente no grito, para aprovar a adesão da Ufba ao Reuni.
Tal evento jamais poderia ser considerado uma reunião do Egrégio Conselho Universitário, do ponto de vista jurídico, tampouco do ponto de vista ético e político. Enquanto isso, a Reitoria continuava ocupada, e a pauta das reivindicações dos estudantes, obviamente, passou a incluir a anulação do lastimável episódio do dia 19. Porém, acirrando o embate com os alunos, a Reitoria, que até então se limitara a tímidas negociações, pediu reintegração de posse, culminando na ação da Polícia Federal a invadir o Palácio da Reitoria no último dia 15, ironicamente o dia da Proclamação da República.
A lamentável imagem, estampada em A TARDE, no dia seguinte, mostrava os nossos estudantes dentro de camburões da polícia, confirmando o que antevíamos: a absoluta incapacidade da liderança institucional para a prática do diálogo.
Igualmente, ou talvez mais lastimável, foi a nota divulgada pela Andifes, associação dos reitores das universidades públicas brasileiras, considerando as manifestações políticas dos estudantes como tendo "conteúdo fascista e totalitário". Estranho e deplorável comportamento de adultos, professores, alguns dos quais, na história recente do País, acirraram a luta política com duras ações que contribuíram para a reconquista democrática.
Estar aberto ao diálogo é uma das características mais fundamentais dos profissionais da educação, e quem é de fato professor sabe disso. Lamentável, portanto, que a Reitoria não tenha tido a capacidade de dialogar com os estudantes e que, não atenta aos insistentes pedidos de vários diretores de unidades, tenha se recusado a convocar o Conselho Universitário para mediar a crise.
As manifestações ruidosas da juventude são fundamentais para as transformações da sociedade. Escola e universidade não foram feitas para acomodar, mas sim para provocar o instituído, e constituir-se como embrião do novo. Os estudantes, que, felizmente, têm retomado as suas articulações políticas, na Ufba, vêm dando um exemplo de compromisso com a instituição, em incisiva participação nos conselhos superiores, onde fazem uma defesa intransigente e competente da universidade pública.
Ter a capacidade de escutar os diferentes e, com eles dialogar, é o requisito e desafio maior de um dirigente universitário. Em qualquer época, mas especificamente em momentos de crise, o diálogo precisa ser buscado, à exaustão. Poucas vezes tivemos a polícia dentro da Ufba e em todas elas reagimos com firmeza. Nessa última, no dia da República, a presença da polícia, a respaldar ação da própria Reitoria, envergonhou e maculou a nossa instituição.
Publicado em A Tarde, 22/11/2007, pag. 03
África negro amar
http://www.faced.ufba.br/rascunho_digital/textos/658.htm
Nelson Pretto
Dias atrás, Salvador acordou repleta de imagens de nossa gente. Gente que vemos todos os dias e que passou também a se ver nos postes, outdoors, feiras, fachadas cegas dos edifícios e pontos de ônibus. Gentes africanas, daqui e de lá, que circulam pela nossa cidade como anônimos e que são os invisíveis protagonistas do cotidiano de Salvador e das cidades da África, hoje e ontem. Mas essa invasão de imagens, que como um espelho refletem os nossos rostos e os daqueles que nem mesmo conhecemos, são acompanhadas de outras, que não ficam no silêncio contemplativo dos baianos e africanos de nossa salvadornegroamor. São as imagens da publicidade, que vendem telefones, refrigerantes e a folia privada do carnaval para uns, justamente os que estarão protegidos pelas mãos e corpos dos rostos expostos com respeito em nossas avenidas, nas fotografias de Sérgio Guerra. Estamos atolados das imagens publicitárias que pipocam por todos os lados. São Paulo, num ato corajoso do parlamento, proibiu outdoor na cidade. Uma cidade enorme, com publicidade por todos os lados, não agüentava mais essa poluição. Os espaços públicos tornam-se privados e nós privados de ver com mais sutileza cada esquina, cada avenida, cada canto de nosso horizonte já tão limitado.
Tudo gira em torno da publicidade que precisa vender seus produtos. Produtos, aliás, que não param de surgir, inventados pela indústria que, freneticamente, cria novas necessidades para o cotidiano das pessoas. No início deste milênio, só nos Estados Unidos foram lançados no mercado 31.432 novos produtos, segundo o professor da Universidade de Genebra, Christian Marazzi. A indústria exige que a publicidade fale mais alto. Uma de suas estratégias é exatamente anunciar mais, cada vez mais, inundando as cidades e nosso imaginário com as imagens dos produtos que “precisam” ser consumidos. Imagens que contrastam com as fotos agora espalhadas por Salvador, as quais “vendem” um mundo de solidariedade, generosidade, de respeito pelas diferenças e com forte ligação histórica com as nossas origens. Origens africanas, de uma cultura que construiu a sua sabedoria longe da atual lógica do mercado. Fica patente o contraste entre a agressiva publicidade de produtos comerciais nas ruas de Salvador e a singeleza dos belos rostos negros expostos.
O escritor moçambicano Mia Couto, no seu belo “O último vôo do flamingo”, resgata a sabedoria dos negros africanos ao construir o diálogo da prostituta Ana Deusqueira com o italiano que fora enviado pela ONU à cidade de Tizangara, por ele criada, com o objetivo de investigar uma série de mortes que por lá ocorriam. Na conversa dos dois, Ana pergunta ao italiano se ele conhece a diferença entre o sábio branco e o sábio negro. Antes mesmo de qualquer fala do estrangeiro, ela mesma afirma: “A sabedoria do sábio branco mede-se pela rapidez com que responde. Entre nós, o mais sábio é aquele que mais demora a responder. Alguns são tão sábios que nunca respondem.”
Em nossa nossa cidade, inundada com estardalhaço por tantos discursos, tantas imagens e tantos sons, talvez, o melhor mesmo seja admirar as imagens de salvadornegroamor em silêncio e com absoluto respeito!
Enviado para A Tarde, em 15/01/2007.
Nelson Pretto
Cultura, também digital!

Nelson Pretto – Diretor da Faculdade de Educação da UFBA - www.pretto.info
artigo enviado ao jornal A Tarde em 18.12.2006.
Ao longo dos últimos anos, o Brasil vive uma explosão de tecnologias e culturas. O desenvolvimento tecnológico no campo do audiovisual barateou os equipamentos e tem possibilitado que experiências de garagens e fundos de quintal apareçam por todos os cantos. Aqui na Bahia, alguns movimentos vinculados às ONG e Universidades também buscam articular algo que até bem pouco tempo era considerado verdadeira blasfêmia: produzir culturas de forma descentralizada. O que a meninada está fazendo, na maioria das vezes sem apoio e até com críticas, é inacreditável. Essa turma, que se aglutina em torno de grupos de música, capoeira, artes plásticas, cinema, carnaval, entre tantos outros, atua, lamentavelmente, longe da escola, porque essa não vem dando conta de tratar da temática, tendo que, muitas vezes, dar as costas para tão importantes movimentos.
Essa turma está produzindo cultura. Falo isso, acentuando que é um diferencial deste momento: produzir em lugar de simplesmente consumir o que é produzido nos grandes centros e pelos grupos já instituídos. Além disso, marcante dos últimos anos foi a possibilidade de mais financiamento público para ações implicadas com a produção, através, por exemplo, do Ministério da Cultura, que implantou os Pontos de Cultura, muitos deles espalhados por essa nossa Bahia. O destaque dessa política pública é o de ter estabelecido uma rede de diálogo com diversos movimentos coletivos e grupos da sociedade civil que atuam no campo da Mídia Tática, do Software Livre, das Rádios Livres, da Metareciclagem, entre outros. A política de apoio incluiu, inclusive, o financiamento para produção de videogames nacionais, desta feita através da FINEP e do MEC, o que, não resta a menor dúvida, era algo impensável até bem pouco tempo nas “caretas” políticas públicas brasileiras. Temos, agora, grande expectativa de que o mesmo possa ser feito aqui na Bahia, a partir de uma necessária articulação entre as Secretarias de Cultura, Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, através de uma contundente atuação articulada nesse campo, merecendo destaque a possibilidade de um novo IRDEB (TVE e Rádio Educadora) catalizador e veiculador dessa efervescência cultural, de modo a retomar o diálogo mais intenso da cultura com a educação e a divulgação científica em nosso Estado e no Nordeste.
Por toda a Bahia grupos se movimentam, se articulam e fazem muito mais do que consumir tv com cara de vídeo clip e música comercial. Em Salvador, entre tantos exemplos, a Eletrocoperativa, no Pelourinho, produz e remixa com a meninada música da mais alta qualidade. Em Irecê, a Faculdade de Educação da UFBA, articulando jovens e professores em torno do Ponto de Cultura Ciberparque Anísio Teixeira, mantido em parceria com a Prefeitura local e com apoio do MinC, coloca “no ar” uma rádio Web, um conjunto de Tabuleiros Digitais com acesso à internet a todos e, aglutinando tudo isso, desenvolve um programa de formação de professores, verdadeiros produtores de culturas e conhecimentos. Tudo, com software livre e com licenças criativas (creative commons) da produção, o que resulta na circulação livre de tudo que é produzido, que exatamente por isso pode ser mexido e remexido, recriado em cima do criado. Enfim, fazem culturas, sempre no plural, um plural pleno. Sociedade civil organizada e governo estão aprendendo a trabalhar juntos, intensificando novas formas de articulação. Nas palavras de Cláudio Prado, “aprender a trabalhar com a sociedade civil é uma das conquistas deste projeto governamental. Aprender a trabalhar com o governo é uma conquista dos movimentos da sociedade civil.” Para o Assessor de Cultura Digital do MinC, “a importância desta conquista não pode ser minimizada”. Digo mais, é grande a oportunidade que temos de aproximar, educação, cultura, turismo, ciência e tecnologia na busca de mudanças radiciais na situação de pobreza que vivemos – sendo a pobreza de espírito a mais grave no meu entender! Um oportunidade para mudar a Bahia, uma Bahia que, paradoxalmente, teve seu esplendor exatamente quando mais valorizou a cultura, algumas décadas atrás.
Final de ano, tempos de esperanças e de novas promessas. Quem sabe não seremos surpreendidos com o anúncio de que, em toda a Bahia, vão pipocar apoios e incentivos à nossa juventude, produtora de muitos saberes e culturas, resgatando-se, assim, a dimensão protagonista dessa jovem e animada turma, chamada de futuro da nação.
Nelson Pretto

Artigo enviado para publicação em A Folha Dirigida. 14.04.2004
Políticas educacionais e cidadania
Nelson Pretto (*)
http://www.faced.ufba.br/rascunho_digital/textos/332.htm
Fala-se muito hoje em dia que a solução para os grandes problemas educacionais se dará através da implantação de programas de educação a distância, como se isso, por si só, pudesse garantir a universalização da educação e a formação do trabalhador brasileiro.
Penso que discutir educação a distância (EAD) no Brasil de hoje é, mais uma vez, reiterar as constantes e importantes discussões sobre a educação no seu sentido mais amplo. De nada adianta programas de apoio à implantação de cursos a distância se estes reproduzirem, de forma quase que automática, os mesmos problemas da educação dita presencial.
O que está em jogo, contemporaneamente, não são exatamente as tecnologias e metodologias que deveriam ou estão sendo usadas na EAD mas, essencialmente, a concepção de educação e, mais especificamente de currículo, adotadas nesses programas.
Além disso, neste mundo do tempo alucinado da computação, o tempo do nanosegundo, que tenta determinar o cotidiano econômico, social e cultural de praticamente todas as pessoas e em todos os cantos do país, não nos basta pensar em projetos e políticas educacionais que não estejam intimamente associadas com políticas públicas que envolvam outras áreas, especialmente Ciência & Tecnologia, Cultura e Comunicações. Vejo como fundamental para o desenvolvimento da EAD no Brasil o pleno envolvimento dos estudantes das Faculdades de Educação, especialmente do sistema universitário público, em programas que adotem plenamente o universo das tecnologias da informação e da comunicação na formação dos futuros professores.
As reformas da universidade que o governo Lula está tentando implantar, muitas vezes, pecam pelo fato de não considerarem as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) como parceiras do MEC nesta empreitada. Parceiros que precisam ser ouvidos e respeitados.
Sabemos que o sistema público de ensino superior possui vários problemas que precisam ser atacados. Mesmo com todas as dificuldades, ainda encontramos espaço para fortalecer a idéia de que é função da universidade pensar sobre o seu próprio futuro e não simplesmente sair correndo atrás de produzir artigos e publicações de qualquer tipo para acumular pontos num sistema de avaliação que mais se parece com um taxímetro marcando o valor de uma corrida. Uma corrida pelos números!
O que temos visto ao longo destes últimos tempos foi um esvaziamento das verbas para a universidade pública com uma verdadeira privatização interna, através de incentivos quase explícitos para a criação de unidades dentro de unidades, com a perda total da idéia de conjunto. Instalou-se a velha lógica do “cada um por si e nem “deus” por todos”.
O que tem destruído, quase cotidianamente, a universidade publica brasileira é essa idéia de considerar que o mercado resolve tudo, instalando-se uma lógica – perversa! - de ranking , estimulando a competição e o individualismo. Aqui na Bahia chega-se ao extremo quando a própria UFBA cai nessa armadilha e, a partir da avaliação realizada por um órgão de imprensa, vai para as ruas com um outdoor proclamando ter “a melhor graduação do Norte e Nordeste”.
Estar na frente... coisa mais estranha! é inevitável pensar em Caetano Veloso, em recente entrevista: “Não estou em cima do muro... estou acima!!!” Acima como deveria estar uma universidade que é pública justamente pela sua função pública, pela sua obrigação de criar conceitos e não de ser uma mera reprodutora de lógicas pensadas alhures.
Acima como, modestamente, acreditamos estar na Faculdade de Educação da UFBA com a nossa determinação de defender um sistema de educação superior que seja público, gratuito, laico e de qualidade, aberto à toda a população mas com uma política de cotas que privilegie os historicamente desprevilegiados. Acima quando, com o apoio da Petrobrás, implantamos os Tabuleiros Digitais, abertos, sem controles e usando software livre [http://www.tabuleiro.faced.ufba.br] para que os futuros profissionais da educação possam ajudar a construir a tão badalada sociedade da informação e não sejam dela meros consumidores ou, quem sabe, espectadores.
Estamos, portanto, contribuindo para a construção de outra perspectiva de sociedade e de educação, que não tenha na lógica da distribuição de informação o seu elemento mais forte. Aqui, o que nos interessa é o fortalecimento do aluno numa perspectiva cidadã. Uma cidadania plena! Queremos contribuir para que cada envolvido no processo, de forma individual e coletiva, seja um produtor de cultura e de conhecimento e não um mero receptor de informações, geralmente produzidas e geradas a partir dos grandes centros.
Nelson Pretto [http://www.pretto.info] é Diretor da Faculdade de Educação da UFBA[http://www.faced.ufba.br]
Nelson Pretto

A democratização da Internet e a SBPC.
http://www.faced.ufba.br/rascunho_digital/textos/260.htm
Nelson Pretto
A Internet no Brasil é governada por um Comitê Gestor (CG), instituído, desde o governo anterior, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. O mandato do último CG terminou em março passado e o novo governo brasileiro montou um provisório, que já esta em vias de também ter seu mandato encerrado, com a função explicita de elaborar diretrizes para a nova gestão da Internet no país.
Ao longo desse tempo, vários segmentos da sociedade brasileira estiveram mobilizados para discutir as diversas propostas para a Internet, sempre com a preocupação de se buscar uma maior democratização da gestão, com o objetivo de tornar possível implantar projetos e políticas públicas visando democratizar o acesso da Internet no Brasil.
A Faculdade de Educação da UFBA esteve presente nessas discussões, tanto junto ao terceiro setor liderado pela RITS, como junto à academia e, sempre, defendendo a mesma bandeira: o fortalecimento dos processos democráticos de gestão da Internet e a necessidade de uma forte articulação com a área educacional.
Um novo modelo de gestão está sendo implantado, com um Comitê Gestor composto de forma quatripartide, envolvendo o governo, a iniciativa privada, o terceiro setor e a academia.
Para a academia, ficou a sugestão de que ela se organize a partir de um processo que possibilite a indicação, não só de pessoas vinculadas às chamadas áreas duras, como a informática, computação e telecomunicações, mas, também, às humanidades, como a comunicação, educação, antropologia e sociologia, uma vez que entendemos ser a Internet não apenas um fenômeno técnico como também, e essencialmente, um fenômeno cultural e político.
O Terceiro Setor está articulando a sua forma de representação, já que possui diversas associações e ONGs que tradicionalmente se organizam em fóruns de discussão e de deliberações coletivas.
A SBPC está vivendo um rico momento de eleição direta para a sua nova diretoria e tem sido sempre mencionada como forte candidata a articular a representação da academia na gestão da Internet no Brasil. Pelo que conhecemos de Ennio Candotti, o novo Presidente da SBPC, temos certeza de que a nova Diretoria assumirá o compromisso de trabalhar para que a maior sociedade científica do país possa desempenhar esse papel com dignidade, competência e, mais do que isso, coordenar um processo de indicação que, amplo o mais possível, possa contemplar todas as áreas do conhecimento, garantindo assim que a Internet no Brasil, além de um importante fenômeno tecnológico - provavelmente um dos mais importantes dos últimos anos -, possa, também, ser entendida e considerada como o grande projeto de inclusão social que o Brasil tanto precisa para superar as suas inúmeras e gritantes desigualdades sociais.
Nelson Pretto [http://www.pretto.info] é professor e diretor da Faculdade de Educação da UFBA.

2 comentários:

E e J disse...

Pretto tem uma visão política e crítica de EAD e Tecnologia.
E você o que pensa sobre este assunto?

E e J disse...

Este link tem mais deste autor:

http://www.pretto.info/