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sábado, 8 de junho de 2013



Saiba mais sobre a síndrome da respiração bucal

Entrevista especial com Gilda Souto – Ortodontista 

Gilda Souto é ortodontista e especialista em respiração bucal, tema da entrevista a seguir, realizada com a profissional pela equipe do SIS.SAÚDE.
O que vem a ser a respiração bucal?
É a suplência do oxigênio por via oral, quando o indivíduo está impedido da função nasal. Poderá ser por fator patológico-obstrução das vias nasofaríngeas ou por alterações ambientais temporárias, por exemplo, a prática da natação que requer temporariamente uma respiração bucal sem ser uma patologia.
 
Como patologia, a respiração bucal é uma disfunção respiratória que ocorre sempre que houver um impedimento obstrutivo da via aérea nasofaríngica,  ocasionada, ou por hipertrofia das adenóides, ou hipertrofia das amígdalas, ou desvio de septo e traumatismos faciais, como também as alergias que provocam as hipertrofias das adenóides. Essas disfunções ocasionam uma obstrução nasal que faz com que a pessoa passe a apresentar, na maior parte do tempo, a respiração pela boca em detrimento da respiração pelo nariz.
 
Os quadros alérgicos apresentam um papel fundamental no desenvolvimento da hipertrofia da adenóide, que é uma das causas principais da síndrome da respiração bucal. Devido à urbanização das sociedades, ocorreram, possivelmente, respostas alérgicas do organismo nessa adaptação ambiental e houve mudanças também no modelo respiratório, com maior prevalência da respiração bucal. Em situações de processos alérgicos, como rinites e asma, ocorrem mudanças no modelo funcional respiratório de nasal para bucal. Pois, em geral, os respiradores bucais demonstram alta positividade a alergenos, predominantemente os ácaros e o fumo passivo. Fatores secundários, como a obesidade, o período da amamentação e a história de hábitos bucais danosos persistentes à primeira infância, influenciam nesse modelo respiratório.
 
Qual a faixa etária que mais é acometida por essa patologia?
 
Geralmente as crianças antes da fase puberal são as mais afetadas. Ademais, a respiração bucal é mais frequente no gênero masculino. Pois, a obstrução na via aérea faringeana apresenta um efeito diferente nos gêneros, sendo mais prejudicial no masculino.
 
Quais os comprometimentos que a respiração bucal pode ocasionar, especialmente em crianças?
 
A respiração bucal é uma adaptação a uma deficiência funcional  ocasionada  por outro evento patológico, como respondi anteriormente - hipertrofia das adenóides, desvio de septo, hipertrofia das amígalas, traumatismo. Portanto, é uma síndrome.  Síndrome é um conjunto de sintomas e sinais que caracterizam uma doença. Como síndrome, poderá interferir na morfologia facial e na morfologia dentoalveolar, poderá também ser um agente desencadeador da apnéia obstrutiva do sono, igualmente interfere na postura corporal e na qualidade de vida. 
 
Figura 1: Face típica do respirador bucal
Fonte: FIinkelstein et al., 2000.
 
Em geral, o indivíduo desenvolve uma face classificada como “face longa”, como demonstrado na figura acima, como o sinal mais visível. Mas, há uma série de alterações associadas, tais como: a posição da cabeça para frente e abdução escapular, ombros colocados para frente, rotação mediana dos ombros, flexão da cabeça, assimetria de ombros e cabeça pendida para a lateral, na questão postural. Por exemplo, a alteração postural ocorre como uma tendência compensatória para aumentar a extensão da via aérea faringeana na busca de facilitar a respiração, porém, esse mecanismo compensatório não é suficiente para prover uma respiração normal.
 
Acrescente-se a essas informações o fato de que os lábios hipotônicos, a força da língua, a função mastigatória e o bruxismo estão associados a essa síndrome. Ademais, pode existir uma série de comprometimentos dentários, o que é denominado de má oclusão. Estudos encontraram, associadas a essa síndrome, as seguintes más oclusões: maior sobressaliência, maior altura dento alveolar, mordida cruzada, mordida aberta anterior, apinhamento superior e arco dentário inferior mais curto, entre outros aspectos. O que irá comprometer a estética facial.
 
Outro aspecto que é importante frisar é que a qualidade de vida dos respirados bucais é significativamente prejudicada. A respiração bucal revela-se mais intensa durante o sono, prejudicando a qualidade do sono. Como também, há uma maior dessaturação do oxigênio no sangue.
 
O sono insatisfatório, a sonolência diurna consequente e a dessaturação do oxigênio, que afetam o desempenho cerebral, podem contribuir para uma mudança no desempenho cognitivo e escolar, bem como na menor capacidade de atenção e maior estresse emocional manifestado por comportamentos agressivos, aspectos que também são observados em respiradores bucais.
 
Quais os sinais e sintomas que podem fazer com que se identifique essa patologia?
 
Como falei anteriormente, a respiração bucal é uma síndrome. Não existe relato de respirador bucal 100%, portanto é considerada  respiração bucal quando existe uma maior prevalência dessa função bucal do que a função nasal.
 
Reconhecê-la num exame clínico odontológico, que é o meu ofício, seria através da  morfologia dentofacial, do vedamento labial, perguntas quanto ao sono, perguntas sobre eventos infecciosos da garganta, sinusites e rinites. Esses aspectos levam a montar um diagnóstico compatível com a disfunção respiratória. Assim, a pessoa será encaminhada a um médico otorrinolaringologista, o qual fará o exame necessário para elaborar o diagnóstico preciso dessa patologia como também a sua causa.
 
É importante colocar que se a respiração bucal não for tratada adequadamente antes da fase puberal resultará em alterações nas vias aéreas superiores, deformidades dentárias, craniofaciais e posturais permanentes, além de distúrbios psicossociais severos. No adulto, pode ser encontrada, além dessas deformidades, uma tendência ao envelhecimento facial.
 
O que demonstra a severidade e a complexidade dessa síndrome, sendo necessária e prioritária a intervenção no padrão disfuncional da respiração na primeira infância. O que coloca em voga a necessidade de seu diagnóstico e tratamento adequados.
 
Como os pais ou uma pessoa deve fazer se apresentar alguns desses sinais e sintomas? Quem procurar?
 
A respiração bucal, como patologia, deve de ser diagnosticada e tratada pelo médico, que irá descobrir a causa e tratar do impedimento obstrutivo. Quando houver sido sanada ou equilibrada a causa dessa disfunção respiratória, será necessária uma reorganização do que faz parte do sistema respiratório, como arquitetura das arcadas dentárias, musculaturas faciais, musculatura da língua, postura, etc. Portanto, o tratamento é multidisciplinar, pois nenhuma terapêutica individual será capaz de retratar as alterações ocasionadas por essa síndrome. Assim, um oftalmologista, um cirurgião dentista, um ortopedista funcional,  um ortodontista facial, um fonoaudiólogo e um fisioterapeuta poderiam participar do tratamento, dependendo da necessidade de cada caso e da severidade dos comprometimentos relacionados. Pois, como comentado, a síndrome da respiração bucal poderá apresentar uma série de comprometimentos com graus variados de severidade. Assim, o quadro de profissionais necessários ao tratamento dependerá de cada caso específico.
  
Se essa patologia causa tantos transtornos, não deveria haver mais informações a respeito?
 
Acredito que existam informações a respeito, mas também a dificuldade de se diagnosticar e tratar dessa disfunção.  A função respiratória, no organismo, apresenta uma dinâmica vital pelas narinas. Os compartimentos que enriquecem, direcionam, equalizam o ar estão nas vias nasofaríngeas, isto é uma verdade biológica. Como o ser humano tem esta capacidade maravilhosa de adaptação, acredito ser importante investigações mais profundas a respeito de como reorganizar a função respiratória, ou como conviver com a disfunção.
 
 
Fonte da figura: FINKELSTEIN, Y.; WEXLER, D.; BERGER, G.; NACHMANY, A.; SHAPIRO-FEINBERG, M.; OPHIR, D. Anatomical basis of sleep-related breathing abnormalities in children with nasal obstruction. Arch. Otolaryngol. Head Neck Surg., v. 126, p. 593-600, 2000. 

Autor: Equipe SIS.SAÚDE 
Fonte: Gilda Souto, Ortodontista, Especialista em Respiração Bucal 

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SÍNDROME DO RESPIRADOR BUCAL:
ANÁLISE FISIOPATOLÓGICA E UMA
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA
PNEUMOFUNCIONAL

Thais Caniceiro de Oliveira*

RESUMO:

Esse ensaio relata,
inicialmente, a fisiopatologia
da Síndrome do Respirador
Bucal e posteriormente
aborda como a atuação
fisioterapêutica no
terapêutico do respirador
bucal. Esclarece, também, os
meios de prevenção dessa
síndrome e a necessidade do
atendimento multidisciplinar
para a melhora da qualidade
de vida do portador da
respiração bucal. O enfoque
nesse tema se torna
relevante devido constituir
um quadro complexo de
sinais e sintomas que
comprometem a saúde
física, mental e social do
respirador oral.
O processo de
respiração compreende,
primariamente, a ventilação
pulmonar que consiste da
captação do ar atmosférico,
podendo ser feita tanto pela
boca quanto pelo nariz.
Embora o orifício nasal ofereça
maior resistência ao fluxo de
ar do que a boca, a maioria
dos seres humanos normais
respira através do nariz. Tal
situação se torna mais
vantajosa pelo simples fato de
ser na cavidade nasal que o ar
é preparado para poder entrar,
em melhores condições, nos
pulmões, ou seja, é nessa
cavidade que o ar é aquecido
pelas superfícies extensas e
ricamente vascularizadas da
mucosa que reveste as
conchas, meatos e septo;
umidificado e, finalmente,
filtrado pela ação mecânica das
vibrissas e cílios e pela ação
bactericida do muco nasal,
além disso, esse processo é
facilitado pela preciptação
turbulenta do ar que passa
pelas vias nasais, chocando-se
com as saliências e
reentrâncias que esta região
apresenta, havendo
conseqüentemente um
retardamento na velocidade do
fluxo aéreo promovendo
maior contato das partículas
sólidas com a mucosa nasal,
onde estas estão aprisionadas.
Com isso fica claro que o
indivíduo respirador bucal não
terá o preparo de aquecimento,
umidificação e filtragem
do ar inspirado como
aquele que apresenta respiração
nasal. (COSTA, 1997)

I. O QUE É RESPIRADOR
BUCAL ?

É o indivíduo que
substitui o padrão correto de
respiração nasal por um
padrão inadequado, bucal ou
misto ( buconasal ).

II. ETIOLOGIA DA SÍNDROME
DO RESPIRADOR
BUCAL

As principais causas da
respiração bucal são problemas
orgânicos como sinusites,
rinites, hipertrofia de amígdalas,
faríngeas ou palatinas;
hipotonia da musculatura
elevadora da mandíbula,
devido à alimentação pastosa,
ou simplesmente postura
viciosa, sendo que o indivíduo
não apresenta nenhum
empecilho funcional ou
mecânico.

III. TIPOS DE RESPIRADOR
BUCAL

Existe o respirador bucal
orgânico que apresenta
obstrução mecânica à
passagem do ar pelo nariz por
vários motivos como,
hipertrofia ou má posição de
adenóide; hipertrofia de
cornetos; hipertrofia de
coanas; hipertrofia de
amígdalas; desvio do septo e
pólipos nasais. Há o respirador
bucal funcional que não possui
obstrução mecânica da
passagem do ar pelo nariz,
tendo como exemplo
pacientes em pós-operatórios
de cirurgias. Outro tipo de
respirador bucal é o neural que
por problemas neurológicos
sequelares ou congênitos,
inverteu o padrão correto de
respiração, como o portador
da Síndrome de Down e com
paralisia cerebral.

IV. ALTERAÇÕES FÍ-
SICO-FUNCIONAIS DA
SÍNDROME DO RESPIRADOR
BUCAL

- Alterações crâniofaciais e
dentárias: crescimento
crâniofacial vertical, desvio
do septo, mordida cruzada,
protusão dos incisivos
superiores, palato inclinado
e hipodesenvolvimento dos
maxilares;

- Alterações dos órgãos
fonoarticulórios: hipotrofia,
hipotonia e hipofunção dos
músculos elevadores da
mandíbula, hipofunção dos
lábios, bochechas, lábios
ressecados e rachados,
gengivas hipertrofiadas,
anteriorização língua e
propriocepção bucal
alterada;

- Alterações Posturais:
deformidades torácicas,
musculatura abdominal
flácida, cabeça mal
posicionada, com alteração
para coluna, ombros caídos,
protusão abdominal;

- Alteração das funções orais:
mastigação ineficiente,
levando a engasgos pela
incoordenação da respiração
com a mastigação e
problemas digestivos, fala
imprecisa, com excesso de
saliva, sem sonorização, voz
rouca e anasalada;

- Outras alterações possíveis:
sinusites, otites, halitose e
diminuição do paladar e do
olfato, alteração do apetite,
sede constante, sono
perturbado, dificuldade de
concentração e atenção,
gerando dificuldades
escolares em crianças,
olheiras, diminuição da
audição e assimetria facial
visível.

V. A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA
RESPIRATÓRIA

A fisioterapia respiratória
atuará, atendendo o paciente
respirador bucal tendo como
artifícios, primeiramente,
métodos para avaliação das
disfunções provocadas pela
respiração bucal. Os distúrbios
da função pulmonar,
sobretudo aqueles de ordem
mecânica, tais como redução
da expansibilidade tóracoabdominal
e alterações da
ventilação, podem ser
mensurados através de um
conjunto de medidas da
mecânica ventilatória, por
meio da cirtometria tóracoabdominal,
permeabilidade
das vias aéreas e força
muscular respiratória.
Costa ( 1997 ) faz os
seguintes comentários quanto
aos procedimentos de
verificação da função e
mecânica ventilatórias: “A
cirtometria é usada para avaliar
o grau de expansibilidade do
tórax, que, por sua vez, irá
fornecer dados indiretos da
complacência tóracopulmonar,
já a permeabilidade
das vias aéreas, será avaliada
através do Peak Flow ( pico
máximo de fluxo expiratório )
que estará diminuída em
indivíduos portadores de
pneumopatias, com fraqueza
muscular respiratória e,
principalmente, naqueles que
apresentam obstrução das vias
aéreas. A força dos músculos
respiratórios será mensurada
pela Pressão Inspiratória
máxima (PImáx) e pela
Pressão Expiratória máxima
(PEmáx) que constituem
parâmetros fidedignos na
avaliação mecânica da função
pulmonar, especificamente da
caixa torácica. Há outro
método alternativo que
recentemente foi pesquisado
para avaliar a força muscular
inspiratória, que pode ser
refletida pela mudança da
pressão esofagiana durante
uma “fungada” máxima, porém
constitui um método
desagradável de ser executado,
sendo válido apenas por
consistir um método não
invasivo para estimar a pressão
esofagiana, propondo a
pressão inspiratória nasal
(Snip), ou “ fungada ” sem
colocação de balão intraesofagiano”.
Após a avaliação das
funções respiratórias, a
fisioterapia respiratória irá
atuar corrigindo a respiração
bucal através de um treinamento
de reeducação respiratória,
envolvendo exercícios
globais, orientação e exercícios
específicos de respiração que
irão ocasionar uma provável
redução na resistência nasal à
passagem do ar inspirado.
Além disso, durante a
respiração nasal, a atividade
aumentada dos músculos
alares restringem a
flexibilidade vestibular contra
o aumento induzido pelo
exercício físico. Cada um
desses mecanismos (mucosal
e muscular) respiratórios
promovem uma desobstrução
das vias aéreas superiores,
especialmente da cavidade
nasal.

VI. CONSIDERAÇÕES
FINAIS

A atuação multidisciplinar
na Síndrome do
Respirador Bucal é de extrema
necessidade, pois trata-se de
um quadro complexo, onde é
necessária a intervenção do
médico (clínica, pediatria,
otorrinolaringologia,
alergologia), do odontólogo
(ortodontia e ortopedia facial
), do fonoaudiólogo, do
fisioterapeuta, e em alguns
casos do psicólogo e do
psicopedagogo.
A principal prevenção
dessa síndrome é a amamentação,
pois nutre as necessidades
emocionais e propicia o
adequado desenvolvimento
das estruturas do sistema
estomatognático. Durante a
amamamentação a criança
estabelece o padrão correto de
respiração, mantém corretamente
as estruturas orais,
facilitando a evolução do sugar
para o mastigar, ela não
executa o simples movimento
de sucção, mas sim executa
movimentos de “ordenha” que
são estímulos neurofuncionais
para o correto desenvolvimento
da musculaturaperioral
para estabelecer um bom
vedamento labial, além de
estímulos para o correto
posicionamento mandibular
corrigindo o retrognatismo
natural após o nascimento.
Além da amamentação,
a conscientização em relação
aos hábitos orais (uso de
chupetas e mamadeiras
inadequadas, chupar dedos,
sucção digital e de objetos), à
alimentação (consistência dos
alimentos) e à higiene
ambiental são importantes na
prevenção da respiração bucal.
Além disso, é necessária
orientação da população para
detecção precoce e eficiente
tratamento multidisciplinar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Dirceu. Fisioterapia
Respiratória na correção da
respiração bucal.Fisioterapia
em movimento. v.10, n. 1,
p.111-120, abr/set, 1997.
GUYTON, A. Tratado de
Fisiologia Médica. 8. ed. São
Paulo: Guanabara Koogan,
1991.
TEIXEIRA, Elizabeth. As três
metodologias.Belém: Grapel,
1999.
http//: www.cirb.med.br/
index03.htm
http// :
www.ceaodontofono.com.br/
p u b l i c a c o e s /
jul99_postura.html
http// :
www.respiremelhor.com.br/
cemarb/sindrome.html
http// : www.sbai.org.br/
vol233/conex.htm


Eu sofro bastante com esta síndrome....

2 comentários:

E e J disse...

está síndrome tem consequências
terríveis.

Anônimo disse...

celular